segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estudos no Apocalipse- 2- Dados Gerais do Livro

Estudos  sobre o Apocalipse – Estudo 2-
Assunto: Dados Gerais do Livro de Apocalipse 
Por Adélio Silva

1 - Autores Prováveis :
a) O apóstolo João - 1.1,4,9-11 b) Um discípulo imediato de João que perpetuou sua tradição ; c) João, o vidente 
Destinatários: As 7 igrejas da Ásia (em geral, fundadas por Paulo).
Data:– 95 ou 96 d.C.
Local :- Patmos - ilha vulcânica, rochosa e estéril, localizada a 56 km da costa da Ásia Menor (Turquia). Para lá eram enviados os prisioneiros na época do imperador romano Domiciano (81 a 96). Outra hipótese defendida por alguns é a de que João tenha estado lá em algum momento do governo de Nero (54-68).
Idioma:- Grego (Ap.1.8; 21.6; 22.13).
Tema:- Conflito entre o bem e o mal. A vitória de Cristo e a implantação do seu Reino.
Versículo-chave:  Apc.1.7.
Versículo-esboço:  Apc.1.19.
Características particulares:- Único livro bíblico com bênção e maldição relacionados ao seu uso (1.3 e 22.18-19).
Classificação - livro profético. (único do NT embora haja blocos proféticos em outros livros como em Mt.24, Mc.13, Lc.21, etc.).
Personagem central - O Cordeiro.
Destaques:
Verbo vencer (Apc. 2 e 3; 12.11; 15.2; 17.4; 21.7);
Testemunho (Apc.1.2,9; 6.9; 12.11,17; 19.10; 20.4; 22.18,20).
Verbo vir (referente à vinda de Cristo) (Apc. 1.4,7,8; 2.5,16; 3.3,11; 4.8; 22.20).

2 – Comparativo entre GÊNESIS X APOCALIPSE
Existe um paralelo evidente entre Gênesis e Apocalipse, conforme se observa pelos itens a seguir:
 
GÊNESIS /APOCALIPSE
Início -  Fim
Criação da terra -  Nova terra
Criação do céu -  Novo céu
Criação do sol -  A Nova Jerusalém não precisa do sol
Vitória de Satanás -  Derrota de Satanás
Adão -  Cristo
Eva -  Igreja (noiva)
Entrada do pecado -  Fim do pecado
Maldição  - Fim da maldição
Bloqueado caminho à árvore da vida -  Acesso à árvore da vida.

3 - QUESTÕES DE INTERPRETAÇÃO
TEXTO SIMBÓLICO OU LITERAL?
Este é um dos maiores dilemas que envolvem o estudo bíblico. O que é literal e o que é simbólico? Encontramos ambos os casos dentro das Escrituras. Então o problema se torna maior: como discernir o literal do simbólico? Tal tarefa nem sempre é fácil e, em algumas situações, parece impossível.
Encontramos na bíblia diversas situações que envolvem o literalismo e o simbolismo:
Texto literal
É aquele que se refere a fatos. São histórias ou profecias. Se desconsiderarmos seu caráter literal, estaremos anulando as palavras de Deus. Por exemplo, a crucificação de Jesus está relatada em um texto literal (Mt.27).
Texto simbólico
É aquele que utiliza linguagem figurada. Por exemplo, a parábola do filho pródigo(Lc.15).
Termo literal e simbólico alternadamente
Uma palavra pode ser usada literalmente em uma passagem bíblica e como símbolo em outra. Por exemplo, as estrelas no Salmo 8.3 são literais. Em Apocalipse 1.20, as estrelas são simbólicas, representam anjos. Em Apocalipse 9.1, a estrela é simbólica e parece representar uma pessoa ou um anjo. Em Apocalipse 8.10-12, a estrela pode ser simbólica ou literal. Nesse caso, não podemos afirmar com certeza. Vemos, portanto, que uma palavra pode ser usada de várias formas na bíblia. Isso mostra que não podemos fazer uma regra e achar que toda estrela na bíblia seja um símbolo.
Texto literal e simbólico simultaneamente
A história de Abraão é literal. O povo de Israel está aí para comprovar isso. Aquele episódio de Abraão levando Isaque para ser sacrificado é literal. Foi um fato histórico. Mas, ao mesmo tempo, usando de alegoria, Abraão pode representar Deus, Isaque pode ser visto como um símbolo de Jesus e o sacrifício pode representar a crucificação. Assim, um texto literal pode ter um aplicação simbólica. Desse modo podemos ver inúmeros fatos no Velho Testamento. É possível, numa visão simbólica, extrair-lhes as lições sem negar-lhes o aspecto literal.
O batismo e a ceia mencionados na bíblia são literais e ao mesmo tempo simbólicos. São fatos ocorridos mas sempre representando uma realidade espiritual. O mesmo acontece com a ceia do Senhor.
Símbolo com mais de um sentido alternadamente
Alguns termos, quando usados como símbolos, podem ter um sentido em um texto e sentido diferente ou até contrário em outra passagem. Por exemplo, o leão representa Cristo em um texto (Ap.5.5) e Satanás em outro (I Pd.5.8). A "estrela da manhã" representa Cristo em um texto (Apc.22.16) e o Diabo em outro (Is.14.12). Não temos nisso nenhuma confusão. Um símbolo é usado na bíblia como um recurso didático e não de forma mística, como se aquele animal estivesse "consagrado" para representar sempre determinada pessoa. Não podemos, portanto, fazer uma regra. Cada texto pode apresentar uma situação diferente. Existem porém, elementos na literatura ou na tradição judaica que nos permitem enxergar alguns padrões de simbologia, conforme veremos na seqüência.

O SIMBOLISMO NO APOCALIPSE
João viu realidades espirituais indescritíveis. Notamos seu esforço para explicar o que estava vendo, ouvindo e sentindo. Ele faz diversas comparações na tentativa de transmitir aos leitores suas impressões. Assim, os termos "como", "semelhante" e o verbo "parecer" são utilizados para dar uma idéia das extraordinárias visões do autor. Em outros momentos ele não faz comparações explícitas mas usa as figuras de forma direta, fazendo comparações implícitas.
Algumas ocorrências de "como" - 1.10,14,15; 2.18,27; 4.1,6,7; 6.1,6,12,13.
Algumas ocorrências de "semelhante" - 1.13; 2.18; 4.3,6,7.
Verbo "parecer" - 9.19.
Os símbolos usados pelo autor eram bem familiares para os seus destinatários. Livros selados, trombetas, carros puxados por cavalos, letras gregas, tudo isso era do conhecimento das pessoas que receberiam o Apocalipse. Ao lermos, precisamos saber o que cada coisa significa e qual era o seu sentido naquela época. Talvez não consigamos isso para todos os itens envolvidos, mas este é o caminho a ser trilhado pelo intérprete.
Quando pensamos em livros, logo imaginamos blocos de páginas de papel envolvidas por capas protetoras. Os livros mencionados em Apocalipse, porém, eram rolos de pergaminho, peles de animais. Eram livros selados. Quando pensamos em selo, logo imaginamos pequenos adesivos utilizados pelos correios. Porém, os selos do apocalipse são lacres, a exemplo daqueles que os reis usavam para fechar suas correspondências, de modo que as mesmas não pudessem ser violadas no meio do caminho. O selo tinha a marca do anel do rei. Portanto, se alguém o quebrasse, não poderia fazer outro igual para substituí-lo.
Estes são apenas alguns exemplos para mostrar que a interpretação do Apocalipse, como também de outras passagens bíblicas, depende muito do conhecimento sobre a antigüidade, principalmente do que se refere ao povo judeu, sua história, seus costumes e tradições. Sem esse conhecimento, sempre correremos o risco das interpretações anacrônicas. Não podemos interpretar o texto bíblico apenas com o sentido atual das palavras ou com base no gosto ou na opinião pessoal. A hermenêutica agradece.
O simbolismo do Apocalipse utiliza como figuras: fenômenos naturais, cores, minerais (pedras preciosas), animais, relações humanas e até nomes significativos da história judaica como Jezabel e Balaão.

 4 – FENÔMENOS OU ELEMENTOS NATURAIS E SEUS SIGNIFICADOS
 
ELEMENTO -  SIGNIFICADO -  OBSERVAÇÃO
Ar -  Vida -  É nossa necessidade mais urgente
Tempestade -  (raios, trovões, relâmpagos, saraiva) -  Perturbações na vida .
Fogo  - Purificação ou destruição Pedras preciosas  Algumas vezes representa pessoas.  .
Mar -  Insegurança, perigo, algo sinistro.  oposto da terra firme. 
Ensino mundano  

5 -  CÔRES E SEUS SIGNIFICADOS
 
COR SIGNIFICADO  OBSERVAÇÃO
Preto  - Luto, sofrimento Vermelho (sangue) Morte ou redenção relacionado a Cristo às vezes
Vermelho - (púrpura) Realeza roupa dos reis  
Amarelo pálido -  Fome  Amarelo ouro Santidade de Deus Obs. elementos do tabernáculo
Verde -  Esperança Branco Pureza, justiça Trono, vestes, cabelos, etc.
 
NUMEROLOGIA (ver estudo 1)
A bíblia utiliza muito o simbolismo numérico. O livro de Apocalipse usa tal recurso de forma intensa, principalmente o número 7. Temos 7 igrejas, 7 candeeiros, 7 selos, 7 anjos, 7 trombetas, 7 taças, 7 espíritos, 7 estrelas, etc.

6 - PRINCIPAIS CORRENTES DE INTERPRETAÇÃO DO APOCALIPSE
6.1 – Pretérita.
Afirma que todo o apocalipse já se cumpriu. Seus defensores vêem o Império Romano como a representação dos inimigos descritos no livro. A queda do Império teria sido então o ápice do juízo divino profetizado por João. A destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C., também é vinculada ao Apocalipse por aqueles que localizam sua escrita durante o período de Nero (54-68 d.C.).
6.2 – Futurista.
Os futuristas projetam todo o cumprimento do Apocalipse para os últimos dos últimos dias, às vésperas da consumação dos séculos. Afirmam que nada se cumpriu nem está se cumprindo, mas tudo se cumprirá repentinamente no futuro e em um curto espaço de tempo. Esta é a mais escatológica das interpretações, no sentido mais extremo da palavra.
6.3 – Histórica.
Essa corrente defende a tese de que o Apocalipse vem se cumprindo desde os dias de João até o fim dos séculos. São muitos os que concordam com essa posição. Entretanto, surgem muitas dificuldades e divergências quando se tenta uma identificação entre os fatos ou personagens históricos e os relatos apocalípticos.
6.4 – Simbólica, ou espiritual.
Os adeptos dessa visão se abstêm de fazer ligações entre as profecias e os fatos. Procuram apenas extrair do Apocalipse as lições e os princípios morais ou espirituais ali contidos.
Não devemos tomar uma postura extremista nessa questão, mas buscar uma visão equilibrada, que pode levar em conta todas as quatro correntes de interpretação. Cremos em um cumprimento histórico que, automaticamente, engloba a visão pretérita e a futurista. Por exemplo, as cartas às 7 igrejas se referiam a problemas existentes nos dias de João. Está cumprido. Entretanto, os princípios espirituais ali presentes são perfeitamente aplicáveis aos nossos dias. Pela sua infinita sabedoria, Deus nos deixou uma Palavra que não perde sua validade.

7 – AS SETE DISPENSAÇÕES (cfe. sugerido pelo autor José Marcílio da Silva)
Para melhor compreender o campo da escatologia bíblica, faz-se necessário um resumido estudo sobre as sete dispensações, sabendo que, a última dispensação é para o futuro.
Segundo o Pr. Severino Pedro da Silva, em seu livro "Escatologia", uma dispensação "é um período em que o homem é experimentado em relação à sua obediência a alguma revelação especial da vontade tanto permissiva como diretiva de Deus".
A palavra dispensação deriva do termo grego "oikonimia" que por sua vez significa economia que é a "boa ordem na administração na despesa de uma casa". Assim, podemos também entender que dispensação é a ordem como as coisas acontecem na história, revelando gradualmente a vontade divina com relação aos seus planos.
As sete dispensações são:
7.1 – Dispensação da Inocência
Seu início deu-se na criação e findou-se na queda de Adão. O tempo não é revelado.
7.2 – Dispensação da Consciência
Esta dispensação começou em Gn. 3 e durou cerca de 1656 anos: de zero (0 ) a 1656 a.C., abrangendo o período desde a queda do homem até o dilúvio; Gn. 7.21,22.
7.3 – Dispensação do Governo Humano
Esta dispensação começou em Gn. 8.20 e perdurou cerca de 427 anos. Desde o tempo do Dilúvio até a dispersão dos homens sobre a superfície da terra, sendo consolidada com a chamada de Abraão; Gn. 10.15; 11.10-19;12.1.
7.4 – Dispensação Patriarcal
Teve início com a Aliança de Deus com Abraão, cerca de 1963 a.C., ou seja, 427 anos depois do dilúvio. Sua duração foi de 430 anos; Gl. 3.17; Hb. 11.9,13. A palavra chave é PROMESSA. Por meio desta dispensação, Abraão e seus descendentes vieram a ser herdeiros da promessa.
7.5 – Dispensação da Lei
Ela teve início em Êx. 19.8, quando o povo de Israel proclamou dizendo que "tudo que o Senhor falou, faremos." Sua extensão é de 1430 anos. Do Sinai ao Calvário; do Êxodo à cruz.
7.6 – Dispensação da graça
Esta dispensação começou com a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo e terminará em plenitude com o arrebatamento da Igreja; porém, oficialmente falando, seus efeitos continuarão até Apocalipse 8.1-4.
7.7 – Dispensação do Reino
Esta dispensação terá, de acordo com a própria escritura, a duração de 1.000 anos; Ap. 20.1-6. É também chamada de a dispensação do Governo Divino.
Esta dispensação é algo para o futuro, logo após o julgamento das nações descrito em Mt. 25.31-46, e antes do Juízo do Grande Trono Branco (GTB).
Neste ponto, é que se encontra a essência do entendimento do campo da escatologia bíblica, ou seja, compreender o que Deus traçou para o futuro da Igreja, Israel e dos gentios.
Esta última dispensação, que é a juntura do presente século e do vindouro, fornece um nítido exemplo de sobreposição das dispensações, isto é, que às vezes há um período transitório entre uma e outra.

Fontes de Pesquisas:
Bíblia Sagrada
Estudos da Internet sem autoria
Novo Testamento Interpretado (Russel N Champlin)
Manual Bíblico (Halley)
Apocalipse Já! (William R Goetz)
A teologia de Jesus Cristo (Almir dos S Gonçalves

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