segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estudos no Apocalipse - Estudo 20 - As Duas Testemunhas (11:1-14)

Estudos no livro de Apocalipse -  Adélio Silva
 
Estudo 20 –  As Duas Testemunhas
(Apocalipse 11:1-14)

Introdução

Temos visto que entre os juízos da sexta e da sétima trombetas há um intervalo. A passagem em estudo possui paralelo no Livro de Daniel cap 9:24 em diante e 12:11,12, que fala sobre a 70ª semana ou período de sete anos. Há uma relação estreita entre a duração desse período e a duração do período da Grande Tribulação. É grande e variada a quantidade de interpretações quanto a isso. Sejam quais forem as opiniões existentes, nunca devemos esquecer que a profecia bíblica não foi dada para satisfazer a curiosidade de quem quer que seja, mas para instruir os que vivessem  durante os acontecimentos preditos. É sabido que a interpretação da profecia bíblica  tende a ser melhor interpretada à medida que os eventos se aproximam.

            Não seria estranho se afirmar que o próprio autor, João, ao escrever estes capítulos(12 e 13), tivesse em mente algo que aconteceria em seus próprios dias, sob a pressão do Império romano. Seria até natural que não considerasse  que estaria pela frente uma história da igreja de certa forma longa, antes que ocorressem os últimos dias ou 'parousia'. Sua visão profética  possibilitou ter acesso a fatos que o correriam muito tempo após.

  11:1 – Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara, e também me foi dito: Dispõe-te e mede o santuário de Deus, o seu altar e os que naquele adoram;

"...Foi-me dado um caniço semelhante a uma vara...": João continua a sua participação ativa, recebendo um caniço para medir.O texto não informa quem entregou a vara de medir a João, mas pode ter sido entregue por um anjo. Essa vara de medir tanto é tanto profunda como exata. Os padrões de Deus são justos

"...Dispõe-te e mede...", e os que naquele adoram...": O que significaria tal medição?  Há autores que a identificam com proteção espiritual. Essa proteção contudo não livra os escolhidos  dos sofrimentos . Ela se estende às suas almas. A idéia é amparada também pelos argumentos do capítulo 7 de Apoc, ao serem relatados os processos de selagem dos servos de Deus .

"...o santuário de Deus..."  Espiritualmente, é a família de Deus, edificada sobre a pedra angular, é o "santuário dedicado ao Senhor" (Efésios 2:19-22). O templo não é um edifício feito com mãos, e sim uma casa espiritual (1 Timóteo 3:15). Esta casa espiritual é feita de pedras que vivem (1 Pedro 2:5-6).

"...altar..." Por se tratar de uma visão terrena, esses altar poderia ser o do templo reedificado

"...e os que naquele adoram..." A medição incluiria "os que naquele adoram". Não se trata de medir uma estrutura física. Este templo é composto por adoradores, pessoas, os verdadeiros sacerdotes de Deus que adoram dentro do templo.

11:2 – mas deixa de parte o átrio exterior do santuário e não o meças, porque foi ele dado aos gentios; estes, por quarenta e dois meses, calcarão aos pés a cidade santa.

"... o átrio exterior..., porque foi ele dado aos gentios..." O santuário será protegido , mas os átrios  exteriores  (como o das mulheres) , o dos gentios,  não receberão qualquer proteção  e sofrerão abusos. . No templo de Herodes, o átrio interior, com suas várias divisões, era acessível somente aos judeus. Os gentios só poderiam aproximar-se até certas áreas, separadas do átrio interior por colunas  de pedras  com inscrições que advertiam os gentios que não ultrapassassem daquele limite, sob pena de morte (Ver  Josefo, Antig xv..11:5).O átrio exterior era chamado de ´'átrio dos gentios' e não era considerado sagrado pelos judeus

"...Quarenta e dois meses...": Comenta Alford: "Desejo ainda observar, e o leitor terá isso abundantemente confirmado pela  pesquisa  na história  da exegese apocalíptica, que nenhuma solução que comece a ser satisfatória  já foi encontrada para esses diversos períodos  (os quarenta e dois meses)". Há autores que afirmam que os 42 meses indicam a segunda metade da tribulação  e os mil duzentos e sessenta dias  referem-se à primeira metade da tribulação de sete anos. As duas metades, juntas somam sete anos, que correspondem à 70ª semana de Daniel

"...Calcarão aos pés a cidade santa...": Há diversas interpretações da cidade santa. Aqui utilizamos os comentários de Dennis Allan:

O que é a cidade santa? Consideremos as evidências bíblicas. As expressões "cidade santa" ou "santa cidade", em si, aparecem onze vezes na Bíblia. Neemias 11:1 e 18 identificam a cidade física de Jerusalém. Daniel chamou Jerusalém de "santa cidade" (9:24). Isaías repreende o povo de Israel que profanaram o nome da "santa cidade" (48:2). Mais tarde ele fala de "Jerusalém, cidade santa" (52:1). Lendo o capítulo todo, percebemos a ênfase na restauração espiritual do reino de Cristo sobre seu povo, da salvação que vem pela pregação do evangelho. Mateus usa esta expressão duas vezes (4:5; 27:53) para identificar a cidade literal de Jerusalém. As outras ocorrências se encontram no Apocalipse – aqui em 11:3, e algumas outras vezes no final do livro. Em 21:2, 10 e 22:19, ele claramente descreve o povo espiritual de Deus, a nova Jerusalém que desce do céu. Outras expressões semelhantes ajudam a entender este sentido espiritual. Apocalipse 3:12 fala da presença eterna do vencedor no "santuário do meu Deus" e na "cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu". Paulo disse que a nossa mãe é a Jerusalém livre lá de cima e não a "Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos" (Gálatas 4:25-26). O autor de Hebreus disse: "Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial... e igreja dos primogênitos arrolados nos céus" (Hebreus 12:22-23).

Entendendo este sentido de Jerusalém espiritual ou celestial, como podemos entender estes primeiros versículos do capítulo 11? João mede o santuário de Deus, mostrando a intenção do Senhor de proteger o seu povo, mas ainda diz que a cidade santa será pisada pelos gentios durante três anos e meio. O povo fiel seria protegido, mesmo deixando a igreja ser perseguida por um período. Podem afligir a igreja, e até matar os corpos dos fiéis, mas não atingiriam os espíritos dos verdadeiros adoradores. "Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma" (Mateus 10:28). A igreja pode ser calcada aos pés pelos perseguidores, mas eles nunca chegarão a destruir o santuário em si onde os sacerdotes adoram a Deus.

11:3 – Darei às minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco.

A ordem vem de cima. As testemunhas profetizam pela autoridade de Deus.

Quem são as duas testemunhas? Comentaristas têm oferecido diversas respostas a esta pergunta.

a) Alguns procuram personagens específicas, até sugerindo a volta à terra de pessoas do Velho Testamento (por exemplo, Moisés e Elias ou Enoque e Elias).b) Outros sugerem o Antigo e o Novo Testamentos. C) Alguns dizem que são a Lei (de Moisés) e os Profetas (veja Lucas 16:29,31; 24:27; Atos 13:15; 24:14; Romanos 3:21 e outras passagens que falam sobre a Lei e os Profetas, mas considere também comentários de Jesus mostrando que estas revelações do Antigo Testamento já seriam ultrapassadas pelo evangelho – Mateus 11:13; Lucas 16:16). Outras possibilidades incluem  d)profetas e apóstolos (Lucas 11:49) ou o Espírito Santo e os apóstolos (João 15:26-27; Atos 5:32).

Nada de absolutamente correto pode ser dito sobre sua identificação.Talvez a resposta melhor se encontra no próprio contexto. Os primeiros versículos do capítulo falaram sobre a igreja, o povo de Deus. Cristãos fiéis são descritos como testemunhas ou pessoas que dão testemunho em outros versículos do livro (2:13; 6:9; 12:11,17; 17:6; 19:10; 20:4). Veremos um pouco mais sobre as testemunhas no versículo 4.

O tempo do trabalho deles, 1.260 dias, é igual a 42 meses (11:2) ou três anos e meio (usando o calendário de 12 meses de 30 dias). Este período, a metade de sete anos, normalmente descreve um período de tribulação e sofrimento. Seria um trabalho difícil, cheio de angústia .

"...Vestidas de pano de saco...": Pano de saco é a  vestimenta tradicional dos profetas que convocavam os homens ao arrependimento( Ezequiel 27:31; Joel 1:8).  Era uma fazenda grosseira, usualmente feita de pele de cabra, de cor negra (Apoc 6:12). Usada diretamente sobre a pele para causar desconforto. Jacó se vestiu de pano de saco quando lamentou a suposta morte de José (Gênesis 37:34). Quando Acabe ouviu a condenação de sua casa, ele se lamentou em pano de saco, um gesto de angústia e humildade (1 Reis 21:27-29).Indica arrependimento em várias outras citações bíblicas (Neemias 9:1-2; Jonas 3:6-8; Mateus 11:21; Lucas 10:13). Ezequias se vestiu de pano de saco quando buscou a libertação de Jerusalém diante da ameaça assíria (2 Reis 19:1-3). O pano de saco das duas testemunhas sugere a mensagem difícil e a lamentação delas em pronunciar a mensagem do Senhor, uma mensagem que certamente condenava os perversos.

11:4 – São estas as duas oliveiras e os dois candeeiros que se acham em pé diante do Senhor da terra.

"...oliveiras e os dois candeeiros..."  O texto correspondente é Zac 4:1-14.Viu ele um candeeiro com sete hastes e duas oliveiras. O candeeiro  de sete pontas representa  os olhos de Deus, percorrendo toda a terra, julgando, punindo e pondo em ordem. Na visão de João, ele alterou a forma do candeeiro para 2 hastes, representando então as duas testemunhas  que seriam os luzeiros do mundo. As oliveiras, podem representar testemunhas alimentadas por Deus (com azeite), crescendo espiritualmente (Sal 1:3)

"...diante do Senhor da Terra..." Deus Pai é o Senhor de toda a terra.

11:5 – Se alguém pretende causar-lhes dano, sai fogo da sua boca e devora os inimigos; sim, se alguém pretender causar-lhes dano, certamente, deve morrer.

As duas testemunhas, sejam quem forem e por onde forem , serão como monstros que vomitam fogo. E esse fogo matará quem a elas se opuser.. Aí se admite o simbolismo. Elas serão protegidas até que termine o seu testemunho.

11:6 – Elas têm autoridade para fechar o céu, para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.

As duas testemunhas  terão poder sobre as águas (Apoc 8:8). As águas tornar-se-ão impróprias para o consumo, Estranhamente poluídas. As forças naturais irão se tornar instrumentos nas mãos dos profetas  para castigar os homens. Catástrofes naturais servem para lembrar aos homens que eles dependem da bondade divina para sobrevivência. 

11:7 – Quando tiverem, então, concluído o testemunho que devem dar, a besta que surge do abismo pelejará contra elas, e as vencerá, e matará,

"...Quando tiverem, então, concluído o testemunho...": Este trecho obviamente não fala do término final da missão da igreja, pois já usou a figura de um período curto (1.260 dias). Chegando ao ponto determinado por Deus, e tendo cumprido a sua responsabilidade de testemunhar, Deus permitiria que a cena continuasse. Embora tenhamos sempre trabalho para fazer, é possível encerrar uma determinada missão (Lucas 10:10-12; Atos 13:46-47). Deus determinou uma missão de tempo limitado para os seus servos, e deixou o inimigo mostrar seu poder limitado somente quando a missão fosse encerrada.

"...A besta..." É o anticristo, que será detalhado no 13º capítulo.

"...  abismo..." Reproduzimos os comentários feitos em Apoc 9:1.  A palavra grega usada aqui, segundo os estudiosos, é 'phrear', significando uma fenda que desce até ao subsolo. Há interpretações extremamente literais que afirmam que a fenda aqui referida é real, supondo que o inferno se encontra no centro da terra, tendo acesso à superfície dessa maneira. . Essa interpretação é frágil, pois dá margem à aceitação de mitos pagãos. Uma interpretação mais equilibrada nos permite  concordar com os que afirmam tratar-se do mundo dos anjos caídos, nada tendo a ver com um  meio de acesso ao centro da terra.

"...pelejará contra elas, e as vencerá e matará..." O anticristo obterá uma vitória temporária sobre as testemunhas. Cristo é o púnico capaz de vencer esta batalha, pois o poder da besta é muito grande ( II Tes 2:8). A intervenção divina exterminará com o seu poder. Outras referências dizem que os mártires, em especial serão resguardados divinamente para não sofrerem danos desse poder maligno. Esses mártires serão selados (Apoc 7:4). O anticristo perseguirá a Igreja como nunca o foi. A igrejas se purificará com essa perseguição (Ef 5:26,27).

11:8 – e o seu cadáver ficará estirado na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado.

"...E o seu cadáver ficará estirado na praça...": O cadáver (cadáveres – 11:9) das testemunhas não é tratado com nenhum respeito pela besta e seus servos. Os corpos ficam na rua como troféus da vitória sobre os fiéis (veja o desrespeito mostrado pelos filisteus quando mataram Saul – 1 Samuel 31:8-10).

"....Da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado...":

É interessante o comentário de Dennis Allen sobre isso:

 "Algumas pessoas, mesmo aceitando o significado simbólico de Sodoma e Egito, sugerem uma interpretação literal desta frase e concluem que Jerusalém fosse um dos principais objetos da ira de Deus no Apocalipse. É claro que Jesus foi crucificado em (ou perto de) Jerusalém. Mas, num sentido maior, ele foi crucificado pelo mundo – pelo povo ímpio – que não o aceitou. O relato do evangelho do mesmo autor destaca esta rejeição pelo mundo, não somente por Jerusalém: "O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu" (João 1:10). É interessante observar que mais de um terço das ocorrências da palavra "mundo" na Bíblia toda se encontram nos livros de João. A vitória aparente do mal sobre Jesus trouxe tristeza aos discípulos e alegria ao mundo (João 16:19-20). O lugar onde o Senhor foi crucificado foi no mundo, no meio de uma sociedade rebelde que o rejeitou porque preferia permanecer nas trevas. A mesma sociedade que odiava o Mestre, também odiaria os discípulos: "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim" (João 15:18). Regozijaram-se na vitória aparente sobre Jesus, e fariam uma grande festa quando vencerem, aparentemente, as testemunhas dele. Mas nenhuma das duas vitórias foi real."

11:9 – Então, muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações contemplam os cadáveres das duas testemunhas, por três dias e meio, e não permitem que esses cadáveres sejam sepultados.

"...Muitos dentre os povos, tribos, línguas e nações..." Dá uma idéia de univeersalidade

 "...contemplam..." Na era das rápidas comunicações, isso correrá o mundo pela Internet ou satélite.

"... os cadáveres das duas testemunhas...": Sejam que forem elas, seus cadáveres serão insultados, prolongando a alegria dos seguidores do anticristo.

"...Por três dias e meio...": O período prolongado é para  confirmar suas mortes. Alguns preferem dizer 'três anos e meio", que se equiparam aos 42 meses e aos 1260 dias. Talvez seja um indicativo de crise e sofrimento. Três e meio vezes dois dá 7 anos, que é o período completo da tribulação.

"...E não permitem que esses cadáveres sejam sepultados...": No mundo antigo, afirma Josefo em Guerras dos Judeus iv.5.2,  era um insulto deixar um corpo sem ser sepultado, além da crença de que quem assim agisse seria penalizado no  outro mundo.

11:10 – Os que habitam sobre a terra se alegram por causa deles, realizarão festas e enviarão presentes uns aos outros, porquanto esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra.

"...terra..." A região aqui entendida não se restringe à Palestina e nem somente a Roma e suas vizinhanças . Tampouco é somente o império romano. Aqui estão envolvidos povos, tribos, línguas e nações

"... se alegram por causa deles...mandarão presentes...":. A prática de enviar presentes é uma maneira de expressar alegria em ocasiões especiais . Aqui, os perversos fazem uma festa de vitória.. Freqüentemente, os ímpios acham que suas "vitórias" sirvam para libertar pessoas oprimidas por regras desnecessárias de religiões ultrapassadas

"... esses dois profetas atormentaram os que moram sobre a terra...": Aqui revela o motivo do assassinato. Os dois profetas atormentaram os ímpios. Como? Eles pregaram a verdade! A palavra de Deus atormenta os malfeitores, tirando o sossego daqueles que recusam se submeterem ao Senhor. Este é o lado amargo da pregação do evangelho. Por isso, os pregadores fiéis são odiados pelo mundo (Mateus 10:22).

11:11 – Mas, depois dos três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés, e àqueles que os viram sobreveio grande medo;

"...Depois dos três dias e meio..." É um número místico indicativo de crise ou ultraje da perseguição e morte, com aparente triunfo do mal, sendo agora derrotado pelo bem. 

"... um espírito de vida, vindo da parte de Deus...neles penetrou" Deus é o doador da vida e seu sustentador. Ressuscitar um corpo físico ´-e matéria primária.

"...espírito..."  Interpretações: 1. Seria o Espírito Santo, pois ele é o agente da ressurreição; 2 – Sendo uma referência a Gen 2:7 a palavra indicaria o "princípio da animação" e não o próprio Espírito Santo. De qualquer forma, não seria impedimento para o Espírito Santo também fazer isso; 3 – Algumas traduções dizem :  "um espírito de vida". Este ser seria como que um emissário especial para a tarefa de reanimação dos mortos. O argumento mais aceito é o de número 2.  Seja como for, fica uma lição: A morte não mata aqueles que foram transformados pelo poder do Senhor Jesus.

"...eles penetrou, e eles se ergueram sobre os pés...": O espírito de vida enviado por Deus ressuscitou as testemunhas. A vitória da besta e dos perversos acabou! Que conforto aos discípulos do Senhor na Ásia ou em outros lugares onde a perseguição ameaçava matá-los! Poderiam até morrer, mas a morte não teria a vitória final sobre os fiéis. Eles são os vencedores (2:11). Este versículo serve para encorajar os servos de Deus em qualquer época, enfrentando qualquer ameaça do inimigo. Podem sofrer; podem até morrer. Mas, no final, ficarão de pé, vitoriosos!

"... sobreveio grande medo...":  Muitos crerão pela ressurreição das testemunhas. Entenderam que Deus é a fonte da vida. Talvez uma tradução melhor fosse 'temor', ao invés de 'medo'. Os perseguidores, porém, têm todo motivo para sentir medo. Perderam.

11:12 – e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: Subi para aqui. E subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.

"... grande voz vinda do céu..." A voz do Pai ou do Filho. Altas e intensas, para chamarem a atenção quanto à mensagem a ser transmitida

 "...E subiram ao céu numa nuvem...": Nuvens são indicativos figurados do poder e glória de Deus. Esse fenômeno espiritual esteve presente na ascensão do Senhor  e estará também no arrebatamento da igreja

"...E os seus inimigos as contemplaram..."Que cena triste para os inimigos de Deus. As testemunhas, não contidas pela morte, agora somem de vez. A besta que surgiu do abismo e parecia tão forte se mostra incapaz de vencer os servos de Deus. O resto do livro mostrará, com mais detalhes, esta certeza da vitória dos fiéis sobre seus adversários ímpios.(1 João 5:4-5).

11:13 – Naquela hora, houve grande terremoto, e ruiu a décima parte da cidade, e morreram, nesse terremoto, sete mil pessoas, ao passo que as outras ficaram sobremodo aterrorizadas e deram glória ao Deus do céu.

"...Houve grande terremoto...",Os terremotos abalam os alicerces. Isso os faz refletir sobre suas vidas e desejarem algo mais firme, como por exemplo  o ambiente da casa do  Pai. Eles representam também movimentos de natureza social ou espiritual (Ageu 2:6; Mc 13:8; Heb 12:6). Intérpretes afirmam que  tal terremoto será de natureza real. Isso levará os homens a um estado de pavor, e por isso darão glórias a Deus. Admite-se também que haverá uma destruição parcial dos locais onde tal terremoto ocorrer.

11:14 – É passado o segundo ai; eis que cedo vem o terceiro.

Os três ais (referentes às trombetas cinco, seis e sétima), estão em andamento, é anunciada a sétima trombeta, que compreende todos os flagelos das sete taças, coincidente com o início do terceiro ai.E ele vem imediatamente.

Vimos em Apoc 10:7 que esta  sétima trombeta revelará o 'mistério' de Deus, isto é: seus propósitos de remissão, a segunda vinda de Cristo e as entrada no estado eterno.

Comenta mais Newel: "  - 1-  A sétima trombeta assinala uma crise no modo de Deus tratar o mundo, o que deve ser plenamente entendido e lembrado, enquanto prosseguirmos na leitura do Apocalipse; 2 – Ela nos oferece o esboço divino sobre o que se seguirá, para sabermos o que pode ser destacado; 3 – Refletir sobre isso nos abrirá a mente para  compreendermos a forma como Deus agirá em tempos tão difíceis.

Os Juízos da Sétima Trombeta

11:15 – O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.

"......"O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes...": Seu toque indica  a) que estará terminado  o ciclo dos juízos divinos (lembremos que sete é o número perfeito na numerologia judaica) e b) haverá de  vir um julgamento perfeito, para conforto dos mártires.

"...O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo...": É o cumprimento profético do Salmo 2:8. Tudo estará sob o domínio de Jesus Cristo. Naturalmente o mal será retirado da história. Satanás estará sendo derrotado . Cristo é o vencedor do reino deste mundo . Nenhum poder do anticristo prevalecerá sobre o Cristo vencedor. Esta também foi a mensagem para a igreja perseguida (Apoc 21:9; 22:2; 20:4-6). Cristo será tudo para todos.

.

"...E ele reinará pelos séculos dos séculos...": Ele é o eterno rei (1:6; 5:13; Salmo 145:13; 1 Pedro 4:11; 5:11; Judas 25). Daniel profetizou que o reino de Deus subsistiria para sempre (Daniel 2:44). Cristo reinará pelas eras das eras, cumprindo eternos propósitos, renováveis propósitos de Deus para com seu povo.

11:16 – E os vinte e quatro anciãos que se encontram sentados no seu trono, diante de Deus, prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus,

"...Os vinte e quatro anciãos...": Como nas outras cenas de louvor no céu, os 24 anciãos, representando o povo de Deus, participam da adoração.

"...Prostraram-se sobre o seu rosto e adoraram a Deus...": Os anciãos se humilham diante de Deus para lhe dar o merecido louvor.

11:17 – dizendo: Graças te damos, Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras, porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar.

"...Graças te damos...": O louvor oferecido a Deus é baseado na gratidão dos anciãos (cf 4:9; 7:12). O motivo específico da gratidão, nesta ocasião, já será explicado.

"...Senhor Deus, Todo-Poderoso, que és e que eras...": Deus é onipotente e eterno.O Nome de Jeová totalmente revelado: Adonai-Elohim-Shaddai (que és, que eras)

"...Porque assumiste o teu grande poder e passaste a reinar..." Deus perrmitu que o pecado tivesse livre curso. Eis que o livre arbítrio foi concedido a todo os seres inteligentes. Mas os seres inteligentes não usaram bem o seu poder de escolha. Deus permitiu que aprendessem com seus erros  no processo histórico, muitos até conduzindo por um caminho agonizante.  Assumindo o poder por completo todas as coisas, todas as vontades, todas as direção as decisões estarão em condições de serem centralizadas nas mãos do Senhor.

11:18 – Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, tanto aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra.

 "... as nações se enfureceram...":Seu ódio  é contra Deus e seu Cristo. "Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs?.." (Salmo 2:1-2).

"...Chegou, porém, a tua ira,..." Isto é, os juízos (taças, hades e lago de fogo)

"... e o tempo determinado para serem julgados os mortos...": A ira de Deus chegou.Após a morte, todos enfrentarão a retribuição pelas obras praticadas (Rm 2:6; II Cor 5:10; Gal 6:7,8).

"...as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro" (Salmo 2:8-9).

Galardão: Isto é, recompensas  ou coroas . Conforme comentado em outros lugares, tais recompensas consistirão  naquilo que nos tornaremos por sermos a imagem de Cristo. Seremos seres espirituais de elevada estatura.

"... aos teus servos...": O julgamento dos opressores traz um benefício óbvio para os fiéis. Os servos recebem a recompensa pela sua fidelidade. Observemos as descrições dos fiéis aqui:

● Teus servos: A função principal de qualquer criatura é de servir ao Criador. Nós lhe devemos o nosso serviço mais ainda quando pensamos no valor da redenção que recebemos por meio dele. 

Os profetas: Servos fiéis que revelaram os planos de Deus, tanto para salvar os pecadores como para castigar os rebeldes. 

Os santos: Os santificados, purificados e justificados pelo sangue do Cordeiro. 

Os que temem o teu nome: Todo servo fiel respeita profundamente o Senhor, e age no nome dele. 

● Tanto aos pequenos como aos grandes: A promessa da recompensa é para todos os fiéis, dos maiores aos menores.

11:19 – Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada.

"...Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu...": O Santo dos Santos, indicativo simbólico da presença de Deus. Os céus é o 'local' da habitação de Deus, sem ambiente apropriado.

"...Foi vista a arca da Aliança:..." Melhor, a arca da Aliança dele. Não é a arca da Aliança limitada dada aos judeus no Velho Testamento. Esta arca representa a presença de Deus na Aliança feita em Jesus, a aliança que traz remissão dos pecados pelo sangue dele (Mateus 26:28; veja Apocalipse 5:9; 7:14; 12:11). A arca original se perdeu após a destruição do templo de Jerusalém pelos caldeus ( II Reis. 25:10) Ela simbolizava o pacto de Deus com seu povo. No texto, ele representa e lembra que sua aliança continua valendo.

"...E sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada...":. Como esta trombeta resume tudo que vem pela frente, assim cumprindo o mistério de Deus anunciado aos profetas (10:7), há um elemento forte do poder de Deus para castigar e destruir. Mais uma vez, encontramos estes símbolos deste poder de Deus. A voz dele será ouvida e o poder dele demonstrado nas explicações mais detalhadas nos capítulos subseqüentes. Todo o instrumental celeste anuncia  os juízos vindouros.

 

Bibliografia:

A Bíblia Sagrada. O Novo Testamento Interpretado, de Russel Champlin. Lições no Apocalipse, de Dennis Allan. O Apocalipse, de Delcyr de Souza Lima.Outras fontes informais de autorias não identificadas 



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