quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Estudos no Apocalipse - Estudo 30 - A Nova Criação e o Estado Eterno

 

Estudos no livro de Apocalipse (estudo30) -  Adélio Silva
 

Capítulo 21–A Nova Criação e o Estado Eterno

Inicio este capítulo transcrevendo texto de Moffatt

"Da fumaça, da dor e das chamas, é um alívio passar para a atmosfera clara e limpa da manhã eterna, onde o ar celeste é puro e a vasta cidade de Deus fulgura como um diamante na irradiação de sua presença. A idéia dominante  da passagem é que o meio ambiente deve ser de acordo com o caráter e a antecipação; consequentemente, assim como o antigo universo estava inevitavelmente malado pelo pecado, uma nova ordem de coisas deve ser formada, uma vez que a antiga cena de prova e  fracasso seja posta de lado...A expectação de que a perda ocorrida por ocasião da queda de Adão  seria revertida, dificilmente é a mesma coisa que essa transformação escatológica; esta última prevalece sempre que as inflexíveis exigências da era parecem exigir uma limpeza total do universo, e a atitude apocalíptica  para com a natureza raramente tem algo a ver com a ternura e a paixão....A sequencia de Apoc 20:11 e 21:1, pois, segue o programa escatológico geral, como se vê, por exemplo, em passagens consideradas apócrifas como Apocalipse de Baruque 21:23, onde, após terminada a morte, o novo mundo prometido por Deus aparece como habitação dos santos. A Jerusalém terrestre é suficientemente boa para o milênio, mas não para a bem-aventurança final".

Ainda pensando junto com Carpenter: " A palavra característica que  atravessa a descrição é 'novo'. Todas as coisas se tornarão 'novas'. Existem dois vocábulos traduzidos por 'novo'... um deles "neos", diz respeito ao tempo; o outro 'kainos', diz respeito à qualidade. O primeiro se aplica ao que recentemente veio à existência; o outro ao que demonstra características  novas".  

"...Agora que todo o mal foi destruído para sempre, e que todos os agentes do mal foram lançados no lago de fogo, e que desapareceram os antigos céus e terra, e o juízo final é levado a bom termo, a morte e o hades são destruídos, então Deus cria novos céus e nova terra,  convocando à existência a Nova Jerusalém. Nessa cidade, que nunca conhecerá lágrimas, nem tristeza, nem choro, nem dor e nem maldição,  Deus habitará com os homens em seu trono, que também é o do Cordeiro; e seus servos, cujo caráter, como possessão mesma de Deus, dali por diante serão marcados na fronte e o servirão,  o verão face a face. E deus fará a luz de seu rosto brilhar sobre eles em bênção perpétua, e reinarão para todo o sempre". (Charles).

21:1 – Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.

 "...novo céu..." A palavra usada para novo indica que tudo será recriado, com desaparecimento dos elementos antigos ( II Pedro  3:10). Afirma-se que até mesmo o antigo céu foi contaminado peça ação de Satanás, daí a necessidade de ser refeito pela ação remidora de Cristo ( Apoc 12:4; e Col 1:20).

"...nova terra..." Igualmente, será um novo ato criador que dará lugar a uma nova terra.

"...primeiro céu..."   A antiga criação será totalmente removida e algo novo vai surgir. Os antigos céus fazem parte do antigo ato criador e deles não haverá vestígios.

"...primeira terra..." Quando a matéria se transformar em energia a antiga terra desaparecerá e uma nova terra será criada.

"...o mar já não existe..." Há dificuldades para entender esta parte. Intérpretes optam por aceitar o uso figurado como em Apoc 13:1. A antiga ordem de civilização, isto é, nações e sistemas, desaparecerão, inclusive os mares. Uma nova raça, agora de natureza espiritual (celestial), será moldada como instrui II Cor 3:18 .

21:2 – Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.

"...a cidade santa, a nova Jerusalém..."As opiniões quanto ao sentido dessa expressão são duas: os literalistas(estaria em vista uma cidade e materiais literais) e os simbolistas(cada item contém um símbolo de alguma realidade espiritual que nada tem a ver com a substância física).

Era expectativa judaica messiânica de uma Jerusalém restaurada com seu templo. Alguns outros judeus criam que havia uma Jerusalém celestial preexistente, que desceria dos céus no dia do Messias. A literatura apocalíptica desenvolve e apresenta a idéia doutrinária de uma Nova Jerusalém à semelhança do que é exposto por João, o profeta.

Ficamos com a idéia  que provém da maioria dos eruditos que pensa que essa cidade é a Noiva, ou seja, uma descrição  da eterna bem-aventurança  da Igreja, não se tratando de qualquer coisa física. E isso significa que nenhuma cidade literal é antecipada pela maioria deles.  

"...Ataviada como noiva..." A Nova Jerusalém é a Noiva de Cristo (Igreja). A Igreja se sobrepõe à meretriz Roma.

21:3 – Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.

"...Então, ouvi grande voz vinda do trono...": Esta declaração – seja da grande voz de Jesus (1:10), ou de um anjo (5:2; 7:2; etc.), de um dos quatro seres viventes (6:1), ou do próprio Pai (21:5) – vem de Deus. Ela é alta e forte para que se possa aprender e reter a mensagem.

"...Eis o tabernáculo de Deus com os homens..." O antigo tabernáculo foi um artifício provisório para comportar a presença de Deus e intermediar seus dialogos. No estado eterno Deus armará sua tenda entre os homens (Eze 37:27). Ali fixará residência, pois são seus filhos pela graça e adoção.

"... Deus mesmo estará com eles...": Uma prova inquestionável do teísmo: Deus não somente criou a tudo, mas também mantém contato com este mundo, intervindo, recompensando e punindo. Jesus Cristo é Deus Conosco no Novo Testamento .

"...Eles serão povos de Deus..."  Diz Hough: " Com notável franqueza é dito que a habitação de Deus está com os homens. A fim de que não haja engano, as palavras são repetidas: Deus habitará com eles. E então o pensamento é expresso  em um verdadeiro clímax de esperança: Eles serão povos de Deus".

 21:4 – E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.

A aplicação primária, ainda, deve ser feita à condição abençoada da igreja desde a época de João. Esta interpretação é apoiada pelas passagens proféticas que usaram a mesma linguagem para apontarem o reino messiânico. Observe-se que a base para essa promessa no Velho Testamento é Isa 25:8. No Apoc é 7:15-17. Nos lugares celestiais não adentrarão as amarguras da velha vida.

O versículo acena para o fim do choro e das lágrimas. Sobre isso  diz Hough: " A última tristeza transpassadora já foi experimentada, a última lágrima já foi derramada, pois  as lágrimas humanas caem sobre o coração de Deus e ali produzem a tristeza. Mas essa tristeza será transformada em uma serenidade que redundará  em uma dádiva aos homens, não deixando lugar para as lágrimas".

"... a morte já não existirá..." A pergunta que persiste: 'Se um homem morrer, viverá novamente'? Em resposta, Paulo afirma em I Cor 15:53-54: "Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade...Tragada foi a morte pela vitória".  Na  grande cidade de Deus a morte estará ausente . Esta promessa está contida em Apoc  20:14.

"...não haverá mais luto..."  Morte e luto andam  juntos. Luto é qualquer tipo de tristeza expressa  mas é frequentemente associada à lamentação pelos mortos.

"...nem pranto..." Chora-se por causa da tristeza e dor. É uma expressão profunda do sentimento humano.

"...nem dor..."  Reação natural do corpo mortal. Ela atinge a todos . A promessa garante sua extinção.

                                               

"... porque as primeiras coisas passaram..." Tudo o que está relacionado com a vida anterior foram-se com a extinção do mundo antigo.

21:5 – E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.

"...E aquele que está assentado no trono disse...": Nesta fala Deus que cumpre as promessas aos fiéis.Sua palavra é fiel  e verdadeira.

"...Eis que faço novas todas as coisas..." Como em Apoc 21:1, tudo será contemplado pela Nova Ordem.: "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas" (2 Coríntios 5:17).

"....Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras...": Deus salientou a importância desta promessa da renovação, relembrando o que fora prometido no versículo anterior.

21:6 – Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.

"...Disse-me ainda: Tudo está feito..." Em acréscimo,  o próprio Deus atesta sua obra completa..

"...Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim...": A forma como Deus se apresentou como Jesus também se apresentou no início do livro (1:8) "o primeiro e o último" (1:17; 2:8). Estas expressões mostram, não somente a eternidade de Deus, mas a sua capacidade de cumprir a sua palavra, de terminar o que começa. Ele garante o resultado para o conforto dos santos.Col 1:16 mostra Jesus como  agente da criação.

"... fonte da água da vida..." A comparação com Apoc 7:17 mostra que os mártires terão direito a participarem do manancial de água viva.: O conforto ou alívio toma a forma de água para o sedento. Deus é quem dá água aos aflitos (Isaías 41:17-20). O Servo que restauraria Israel, seria seu Pastor e conduziria o povo "aos mananciais das águas" (Isaías 49:8-10). Deus oferece as águas na Nova Aliança (Isaías 55:1-3).

21:7-8 – O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será filho.

Só os perseverantes serão agraciados com a vitória e os mártires são objeto dessa promessa. A herança é devida pelo aspecto legal incluso na 'filiação' com o Pai e o Filho. O que está envolvido na herança?  A transformação segundo a imagem de Cristo, sua  natureza, o que é algo sumamente valioso ( Ver II Cor 38; Ef 3:18 ; Col 2:10 e I Ped 1:4).

21: 8 Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.

As obras mencionadas neste texto caracterizavam  o culto ao imperador e contrastam com as obras elogiadas nos mártires vencedores, a saber:

"...covardes..."  Os crentes que em tempos de perseguição abandonaram a fé em  Cristo.. Como reagirão os crentes do futuro ao serem  submetidos às provas de fidelidade impostas pelo anticristo?

"...incrédulos..."  Negaram a crença na missão salvadora de Cristo (Apoc 1:5: 2:10,13; 3:14; 17:14).

"...abomináveis..." Praticantes da idolatria e seus correlatos vícios. (Apoc 17:4).

"...assassinos..."  Matavam os cristãos por determinação das autoridades  civis.

"...impuros..." Praticante de qualquer impureza sexual, comuns na prostituição cultual. Era visível em Corinto, onde havia mais de mil prostitutas religiosas profissionais. (Ver Gal 5:19).

"...feiticeiros..." Esta palavra vem do grego, cujo significado é 'droga'. As drogas acompanham sempre a prática de feitiçarias (Apoc 9:21 e 18:23).  O culto ao imperador era acompanhado pelas artes mágicas. Atualmente a feitiçaria tem alcançado todas as faixas sociais. Já existe Faculdade que prepara feiticeiros. As séries   Herry"Potter" são verdadeiras aulas de feitiçarias. Uma armadilha satância difarçada em aventura. , ofertada principalmente para as crianças.

"...idólatras..."  Uso ou prática religiosa que eleva a criatura à posição de criador ou divindade.

"...mentirosos..." Ao cultuar o imperador estava se praticando uma mentira satânica. . Os mentirosos negam a Cristo e suas verdades .

"...lago...fogo..."  Consultar Apoc 19:20. A verdade central é a contraposição em função da excelência da vida eterna com Cristo.

"...a segunda morte..." Consultar Apoc 2:11 e 20:15. É a separação  proveniente da escolha negativa a Cristo.

A Descrição da Nova Jerusalém (21:9-14)

Os reflexos da queda de Jerusalém induziram João a alimentar uma esperança em uma Jerusalém nova, com características celestiais. Identifica então, em linguagem simbólica e accessível a Nova Jerusalém celestial na figura de Noiva do Messias. Observe-se que João acomoda em sua descrição muitos dos elementos já usuais dentro da cultura  religiosa judaica. Veremos um pouco adiante que a simbologia usada se incrusta na visualização altamente humana, mas grandiosa, da visão joanina.

21:9 – Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro;

"... um dos sete anjos..." Talvez o  mesmo citado 1m 17:1.

"...sete taças..." Descrição dos juízos de Deus, capítulos 15 e 16.

"...noiva..." Explicado em 19:7 e 21:2.

"...do Cordeiro..." Isso é, de Cristo. Uma simbologia comum em Apocalipse

21:10 – e me transportou, em espírito, até a uma grande e elevada montanha e me mostrou a santa cidade, Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus,

"..me transportou, em espírito..." Comentários em 17:3. Como dito antes, a dúvida é se a referência se prende ao arrebatamento do espírito de João ou arrebatamento gerenciado pelo Espírito Santo.

"...a santa cidade...Jerusalém...da parte de Deus" Ver comentários em  21:2.A figura da cidade santa e perfeita representa o estado abençoado do povo de Deus restaurado no reino messiânico, uma imagem comum nos profetas do Velho Testamento, como Ezequiel e Isaías, e empregado aqui para mostrar o povo abençoado depois de suportar os ataques dos inimigos. As bênçãos são originadas da fonte única e maior que está nos céus: Deus.

21:11 – a qual tem a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina.

"...A qual tem a glória de Deus..." : Nesta frase é resumido o fato mais importante desta descrição da nova Jerusalém. Ela é linda e perfeita porque Deus habita nela.

"... seu fulgor..." Semelhante a uma pedra preciosa.

"...pedra preciosíssima... jaspe ..." A cidade brilha!  Jaspe cristalina sugere, provavelmente, a pedra branca, assim representando a santidade brilhante da nova Jerusalém. Grandiosa representação da Igreja, o povo de Deus, a Noiva/esposa.

21:12 – Tinha grande e alta muralha, doze portas, e, junto às portas, doze anjos, e, sobre elas, nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.

Elementos da simbologia

Muralhas: Como as cidades da antiguidade, as grandes muralhas eram construídas para proporcionar maior segurança contra as invasões inimigas;

Doze tribos: " Representa o número da perfeição teocrática, doze patriarcas, doze tribos de Israel, doze apóstolos e é a Igreja  aperfeiçoada ou mundo celestial do Espírito. É o número do mundo santificado por Deus". (Lange);

Anjos:  São os guardiães, cfe. Isaías 62:6. Representam a segurança eterna para a cidade. O ministério angelical aumentará a glória da cidade;

21: 13 Três portas se achavam a leste, três, ao norte, três, ao sul, e três, a oeste. 14 A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

No acampamento dos israelitas no deserto, três tribos ficavam de cada lado do tabernáculo (Números 2).

21:14 A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

Completando a figura do povo redimido, os doze apóstolos se juntam às doze tribos. Paulo disse que os santos são "edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular" (Efésios 2:20).

As dimensões da cidade (21:15-17)

21:15 – Aquele que falava comigo tinha por medida uma vara de ouro para medir a cidade, as suas portas e a sua muralha.

O anjo estava munido de um gigantesco "metron"  ou medida, feita de ouro, demonstrando que o que seria medido se revestia de importância grande e valor. Isto transmite o caráter da igreja eterna, o conhecimento e a nomeação divina da mesma. A medida é de 'ouro' por refletir a fidelidade preciosa da mesma. 

Agora, o anjo que oferece a explicação a João está pronto para medir a cidade e frisar a diferença entre o santo e o profano.

21:16 – A cidade é quadrangular, de comprimento e largura iguais. E mediu a cidade com a vara até doze mil estádios. O seu comprimento, largura e altura são iguais.

A cidade quadrangular é um cubo perfeito, como foi o Santo dos Santos no templo do Antigo Testamento (1 Reis 6:20). Compare, também, as medidas iguais dos lados do templo em Ezequiel 48:16-17. Perfeita também é a Noiva e Esposa do cordeiro.

"Doze (o número do povo de Deus) vezes mil (um número completo) simboliza a perfeição do povo de Deus. Este versículo apresenta um problema para as interpretações literais. 12.000 estádios seria aproximadamente 2.200 quilômetros. Jerusalém literal é uma cidade na terra da Palestina, uma área de aproximadamente o tamanho de um oitavo do estado de São Paulo. Mas esta cidade, se entendida literalmente, teria mais do que a metade da área do Brasil! E esta cidade tem a mesma altura, ou seja, estenderia-se 2.200 quilômetros para cima! Se fosse literal, a cidade seria 250 vezes mais alta do que o monte Everest, o pico mais alto do mundo. Obviamente, este, como outros aspectos da visão, deve ser entendido figuradamente". (Dennis Allan)

A cidade apresenta o símbolo da simetria perfeita e o que se faz necessário que possua.

21:17 – Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados, medida de homem, isto é, de anjo.

"...Mediu também a sua muralha, cento e quarenta e quatro côvados..." O texto não diz se esta medida é da altura ou da espessura da muralha, e realmente não importa. O ponto não é de uma medida literal de 65 metros, mas do valor simbólico de doze vezes doze. Tudo nesta cidade mostra a perfeição do povo na presença de Deus. É uma noiva sem mácula!

"...Medida de homem, isto é, de anjo...": Esta expressão  indica que o côvado era uma medida básica da estatura  do corpo humano, o comprimento entre a ponta do dedo médio da mão e a junção do cotovelo. Daí se originarem algumas explicações como:

Primeira: Seria um lugar onde os homens habitam, embora o anjo tenha feito a medição.

Segunda: Embora o côvado fosse uma medida humana, neste caso o anjo é que o empregava;

Terceira: A mesma medida poderia ser utilizada por um homem ou por um anjo, dando a entender que os homens e anjos serão iguais na cidade celeste, mas é este um ensino contrário ao que ensina Col 2:10; Rom 8:29; II Cor 3:18 e II Ped 1:4,  que eleva o homem glorificado em posição bem acima dos anjos;

Quarta: A estatura espiritual do  homem será tão grande  na esfera celestial da Nova Jerusalém, que será preciso  um anjo para calcular (esta é a explicação mais provável).

21:18 A estrutura da muralha é de jaspe; também a cidade é de ouro puro, semelhante a vidro límpido.

Jaspe é pedra de valor e duração infinitos, concordando com sua preciosidade. Lembra algo indestrutível. Ouro. Todas as ruas serão de ouro. Simboliza a dignidade, valor, pureza  e natureza exaltada  de Cristo, sendo o mesmo aplicado à Noiva. O contraste é com a figura da meretriz romana.

21:19 Os fundamentos da muralha da cidade estão adornados de toda espécie de pedras preciosas. O primeiro fundamento é de jaspe; o segundo, de safira; o terceiro, de calcedônia; o quarto, de esmeralda;

" fundamentos..."  Os alicerces  já foram mencionados no versículo 4 deste capítulo.

Significado das pedras preciosas:

Jaspe: Versículos onze e 18. Safira: As nações da Ásia e Grécia valorizavam essa pedra antes de começarem a ser utilizadas e descobertas ou pedras 100% puras. Calcedônia: Era uma esmeralda de menor qualidade. Era pequena e quebradiça; Esmeralda:  Explicado em Apoc  4:3.

Notemos que o profeta João se preocupa em mostrar todo o esplendor e brilho das pedras preciosas como parte presente na Noiva de Cristo ou Jerusalém celeste.

21: 20 o quinto, de sardônio; o sexto, de sárdio; o sétimo, de crisólito; o oitavo, de berilo; o nono, de topázio; o décimo, de crisópraso; o undécimo, de jacinto; e o duodécimo, de ametista.

Sardônio (ou ônix): Rara forma de ônix, semelhantes às veias brancas e amarelas da unha humana; Sárdio: De cor vermelha e brilhante; Crisólito:  De cor dourada (topázio); Berilo: De cor verde-mar. Uma espécie de esmeralda; Crisópraso:  De Cor verde-dourado  e na forma se assemelha ao alho; Jacinto: Pedra de cor azul, (Água marinha) uma variedade de berilo  ou safira; Ametista: Conhecida como cristal da rocha.

 O Ensino presente é sobre a grande variedade de glória, serviço e realizações que existirão nos céus.

21:21 As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola. A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente.

"...As doze portas são doze pérolas, e cada uma dessas portas, de uma só pérola...": Os pré-milenaristas, que procuram adotar interpretações literais desta descrição em relação a uma cidade terrestre futura, geralmente dizem que é a mesma cidade de Isaías 54, citada acima. Mas a cidade de Isaías teria portas de carbúnculos (Isaías 54:12). Para tratar as duas profecias literalmente, teríamos que esperar duas cidades fantásticas ainda no futuro – uma com portas de carbúnculos e outra com portas de pérola? Não devemos nos perder neste tipo de interpretação literal. A igreja não tem e não terá, literalmente, portas de pérolas gigantes, nem de carbúnculos. Estas portas fazem parte da figura de uma cidade perfeita, preciosa e gloriosa, pois ela representa a perfeição da comunhão dos santos com Deus!

"...A praça da cidade é de ouro puro, como vidro transparente:..." Pureza total e de uma magnitude que desafia a imaginação. Os recursos de ouro que Salomão recebia durante seu reinado foram impressionantes (1 Reis 10:14-22), mas não seriam nada em contraste com uma cidade de 2.200 quilômetros cúbicos feita de ouro com a praça de ouro! E tudo de ouro puro, límpido como vidro! Como a santidade se tornou linda aos olhos de João, e deve se tornar igualmente bonita, perfeita e desejável aos olhos de cada servo do Senhor (Hebreus 12:14; cf. Salmo 19:7-10).

21:22 Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.

Não se justificaria a existência de um templo  no mundo eterno, uma vez que os graus de acesso Deus x homem foram modificados. Ao entrar Cristo no Santo dos Santos com seu sacrifício completo, Cristo modificou isto. Toda a cidade será um único templo de Deus ( Apoc 1:6). Note-se a referência Deus como sendo Todo-Poedroso e  a Cristo, o Cordeiro.

21:23  A cidade não precisa nem do sol, nem da lua, para lhe darem claridade, pois a glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada.

A luz de Cristo invade todas as direções e nada impede que isso aconteça. A Noiva fica toda iluminada . Esta verdade é afirmada em  João 1:7-11. A verdade central é que Deus é o  astro central do universo, o 'shekinah',  e Cristo é o mediador luminoso. Assim a luz de Cristo iluminará todos os componentes da Nova Jerusalém. É própria a aplicação de 'lâmpada'para Cristo.

21: 24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da terra lhe trazem a sua glória.

            À luz de Apoc 20:11 ficamos sabendo que com o surgimento da nova criação faz parte do projeto elaborado por Deus. Resta esclarecer quem serão essas nações que renderão homenagem a Cristo no período milenar.

Pensemos sobre  as considerações abaixo:

" Portanto, se os reis da terra e as nações trazem sua glória e seus tesouros a ela (à cidade celeste), e se ninguem entrará ali se não os tiverem seus nomes inscritos no livro da vida, segue-se que esses reis e nações  têm seus nome inscritos  nesse  livro. Portanto, alguma luz pode estar sendo lançada   sobre um dos mais densos mistérios da redenção. Pode haver -  e digo-o com toda a timidez -  aqueles que foram salvos por Cristo sem nunca terem formado  sua igreja visível e organizada. (Alford, in loc.)

Comenta então Champlin: "  Não sabemos se Alford considerava ou não que esses viveram antes ou durante o milênio. Os intérpretes fortemente dispensacionais supõem que Israel não faz parte da Igreja. Tudo isso é pura especulação, entretanto, embora possa encerrar alguma verdade. Entretanto, considerando-se a estrutura do Apocalipse , supomos que o autor sagrado  pensava sobre as 'nações'  do reino milenar , as quais,é óbvio  não fizeram parte da igreja glorificada  (aqueles que ressuscitaram quando da primeira ressurreição), mas foram  encontrados vivos por ocasião do retorno de Cristo. Se essas nações tornaram-se imortalizadas , por assim dizer, então essas seriam as nações que ocupariam a nova terra. Seja como for terão de ser imortais , embora ocupando posição inferior à da igreja , já que não haverá morte no estado eterno. . Também é possível que as pessoas que viveram antes do milênio , tendo morrido fora de Cristo, mediante o seu ministério no hades  (ver I Ped 3:18-20 e 4:6), uma vez que  lhe prestaram lealdade, tenham vindo a fazer parte dessas nações . Em outras palavras, eles teriam  recebido uma espécie de redenção inferior . Não se deve supor, todavia,  que a nova terra será somente a esfera dos remidos inferiores. De fato, as dimensões dos perdidos serão definidamente beneficiadas por Cristo, tornando-se uma parte da unidade de todas as coisas em seu redor. E assim até mesmo os habitantes daquelas dimensões terão achado um propósito para sua existência, ainda que jamais venham a participar da vida dos eleitos  e nem da sua salvação. Certamente  Ef 1:10,23 exige alguma forma de interpretação ao longo dessas  linhas.  Naturalmente, não pretendemos haver encontrado solução  para o grande mistério do mundo eterno, mas também não queremos ignorar certas passagens das escrituras  que têm sido negligenciadas pela igreja, sobretudo naqueles que nada vêm no julgamento senão  os piores horrores da retribuição divina  (Apoc 14:11).

                Existem muitas especulações sobre a natureza da vida na terra durante o estado eterno. Supomos que continuará havendo seres humanos, incluindo o processo de reprodução, embora de seres imortais ( Isa 66:22) e promessa de pelo menos uma nação eterna.  Não  sabemos, como é claro, qualquer coisa certa sobre essa questão, pois a revelação bíblica que há sobre o assunto é mínima . E qualquer coisa que possamos porventura saber  será apenas tema de curiosidade para nós , já que esse não será o n osso destino . O texto ensina-nos, porém que qualquer luz  e glória que venha a haver na nova terra , tudo estará centralizado em Cristo. Outrossim sabemos que a vida na terra será controlada pelos céus , e que Cisto é o grande alvo da existência toda, tal como o é dos eleitos , já que ele será o centro de toda a vida ( Ef 1:10). As nações, portanto, receberão sua luz da parte de Cristo , sendo iluminadas por ele; e corresponderão a isso  adicionando à sua glória e à glória da sua Noiva, já que lhe trazem sua glória e honra. Por conseguinte, deverá haver alguma espécie de comunicação e até mesmo acesso às dimensões celestiais, da parte dos  de menor glorificação, embora nos faltem informações sobre os detalhes do que isso pode significar". 

21:25 As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque, nela, não haverá noite.

Indicativos dessa afirmação: Hospitalidade, acesso constante ao bem eterno,  dia contínuo (perene alegria e iluminação, em contraste com as cidades antigas, que fechavam suas portas à noite), possibilidades de se prestarem honras sem  limites.  Não haverá trevas, nem erro, nem pecado, nem egoísmo, nem violência.

21:26 E lhe trarão a glória e a honra das nações.

A entrada dos povos traz glória para Deus. Isaías 60:11 diz: "As tuas portas estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão, para que te sejam trazidas riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis." Isaías falou, várias vezes, da glória que as nações dariam para o Senhor e para o povo fiel (Isaías 45:14; 49:22-23; 60:5,11-14; 61:6).

21:27 – Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.

A dupla negativa  indica um sentido absoluto. Não haverá possibilidade alguma de ocorrer.

"...cousa alguma contaminada..."   Qualquer coisa abominável, desagradável, impureza. Coisas como o cálice da meretriz  (Apoc 17:4).

"...mentira..."  Mentira satânica promovida n o culto ao imperador  e, profeticamente pelo anticristo.

"...inscritos no livro da vida..."  Os que possuem a vida eterna ou na Nova Jerusalém ou na Nova Terra (com uma forma secundária de redenção).

Bibliografia:

A Bíblia Sagrada. O Novo Testamento Interpretado, de Russel Champlin. Lições no Apocalipse, de Dennis Allan. O Apocalipse, de Delcyr de Souza Lima.Outras fontes informais de autorias não identificadas.

 


Chegou Windows 7. Agora com exibição de redes sem fio. Conheça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores

Arquivo do blog

Quem sou eu

Um humilde servo de Deus, alcançado pela sua graça e alimentado pela esperança da vida eterna.