segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estudos no Apocalipse - Estudo 22 - As bestas que emergem do Mar e da Terra

Estudos no livro de Apocalipse -  Adélio Silva
 
Estudo 22 –  A Besta que emerge do Mar-
(13:1-10) e A Besta que emerge da Terra ( 11-18)

Introdução

A Besta que emerge do Mar

Vimos, no capítulo doze, as formas como o dragão ou Diabo  tem procurado destruir a obra criada de Deus, mais de perto o homem e seu ambiente de sobrevivência, a terra. Sabedor que seus dias estão finalizando, restando-lhe pouco tempo, despejará de maneira bem mais acentuada todo o seu furor sobre a humanidade. Isto resultará em enorme carga de sofrimentos e tribulações.

O capítulo presente, o treze, por sua vez, mostrará como satanás controlará duas personagens malignas, meios pelos quais expressará toda a sua ira contra os homens, antes que vivamos o segundo advento de Cristo (parousia). Assim, o falso cristo e seu profeta representarão fielmente o próprio Diabo incitando e provocando obras de depravação, intentando levar o homem à total destruição. Não será exagero afirmar que vivemos hoje dias de descontrolável imoralidade, violência e desequilíbrio do planeta, que podem ser identificados como aqueles apontados no livro profético de Apocalipse. Já no final do capítulo 12 a visão de João focalizou Satanás de pé sobre a areia do mar,simbolizando o ato de pisar  os habitantes da terra. Alí, ele já convocava seus auxiliares imediatos, os monstros terríveis que saíram do mar e da terra.

O capítulo treze adverte e convoca aos santos, prevenindo-os que poderão sofrer martírios terríveis, não só de natureza física mas de natureza econômica. Eles então deverão estar preparados, pois seu testemunho, se preservado, lhes custará um alto preço, resultando  inclusive a perda de suas vidas (Apoc 12:17).

13:1 – Vi emergir do mar uma besta que tinha dez chifres e sete cabeças e, sobre os chifres, dez diademas e, sobre as cabeças, nomes de blasfêmia.

"...do mar..."  O mar representa as nações em reviravolta. O versículo primeiro apresenta a figura da primeira besta, chamada de anticristo. É emissário de da pior maldade que se possa imaginar. Violento em suas atitudes. Encabeça a lista daqueles que não aceitam o comando de Jeová e tornará a perseguição contra a igreja mais acelerada e terrível. Nem mesmo as perseguições anteriores serão tão duras como as promovidas pelo anticristo.

Comenta Carpenter: " O mar representa a grande e desassossegada massa da espéciie humana; ou então, conforme   expresso em Apo 17:5, 'povos e multidões' . Tiago compara o indivíduo indeciso com uma onda impelida pelo vento (Tiago 1:6). Os indivíduos, tal como ondas maiores ou menores,.compõem esse grande oceano dos homens, impelido pelas paixões impulsivas. Dentre esse mar é que surgirá a besta. Não temos aqui o mesmo vocábulo usado em Apo 4:7...mas é uma palavra que subentende o predomínio da natureza bestial. Qualquer que seja o poder que tiver de levantar-se , não governará pelo amor ou pela habilidade mas voluntariosamente, impondo terror. É a grande força do poder mundial, que em todas as eras tem sido contra o poder da razão. As feras sempre servem de símbolo dos reinos deste mundo, isto é, dos reinos fundamentados sobre a paixão ou o egoísmo".

"...besta..." O termo grego usado aqui é 'therion', 'fera', palavra usada na literatura grega para indicar animais perigosos. Autores dão ao termo 'fera' um duplo sentido: Representaria o império romano em sua maldade mas também representaria um indivíduo. Seja qual for sua provável identificação, a besta será sem dúvidas o anticristo (II Tes 2:2-4).

"...dez chifres e sete cabeças..."  A descrição confere com Apoc 12:3. Sete cabeças:  Simbolicamente as sete cabeças significam grande sabedoria , inteligência tremendamente poderosa.Isso é indicativo da sagacidade de Satanás.Lembra poderes políticos terrestres por meio de quem Satanás operará  na terra. Históricamente as cabeças (poderes políticos) agiram sempre que perseguiram a Igreja de Cristo. Profeticamente, o anticristo perseguirá  também a Igreja. Sejam quais forem as interpretações, as sete cabeças sempre terão por trás a inteligência satânica em sua sanha de destruir as obras de Deus.

Dez chifres: Está presente a idéia de poder. O poder de Satanás em todas as dimensões. Uma interpretação histórica associa os dez chifres a reis ou imperadores vinculados a Roma, ajudando-a a ampliar seu domínio. Há intérpretes que, profeticamente, admitem que esses dez chifre se referem à federação de dez reinos que serão usados como instrumentos de pressão do anticristo, nos últimos dias. Seriam elas: Inglaterra, França, Itália, Canadá, Japão, Bélgica, Alemanha, Holanda, Suécia, Estados Unidos da América. Essa coligação lutará contra a China e União Soviética, na batalha chamada de Armagedom. Vale lembrar que são interpretações livres, isto é, formas de pensar, sem compromisso com a exatidão, uma vez que só o futuro poderá responder se isso é verídico ou  são só suposições.

"....e sobre os chifres, dez diademas..."  Estando os diademas sobre  os chifres do dragão e não sobre as cabeças como em 12:3, a interpretação não sofre qualquer alteração, visto que  sempre está em vista a autoridade  satânica  investida sobre o anticristo.. Ele governará por meio de seus comandados  ou governantes terrenos.

"...blasfêmias..." A ação do anticristo será sempre de oposição a Deus. Ele exigirá ser adorado assim como Deus é adorado. O texto de II Tes  2:7 confirma que ele fará grandes sinais  e prodígios mentirosos ( II Tes 2:9,10) . Comenta Champlin que o anticristo "...destilará  toda a essência da maldade e blasfêmia, operando milagres científicos, os quais, supostamente, eliminarão toda a necessidade de crer-se ou prestar lealdade a qualquer Deus invisível". Ele será  falso cristo de Satanás , descartando a necessidade de se crer no Cristo de Deus. Perseguirá a igreja de Cristo de uma forma nunca antes vista .  Muitos adorarão o anticristo e assim estará adorando ao próprio Satanás".

13:2 – A besta que vi era semelhante a leopardo, com pés como de urso e boca como de leão. E deu-lhe o dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade.

O texto profético do Velho Testamento é Daniel 7. Alí  as quatro bestas representam quatro diferentes impérios mundiais:  Babilônia, Média,  Pérsia e a Grécia-Síria. No versículo atual, eles se juntam formando  um monstro aterrorizante, representação do anticristo.O pequeno chifre foi Antíoco IV Epifânio. Já para João, historicamente,  as quatro feras se juntaram, formando o império romano . Profeticamente  essa fera é o anticristo

Elementos de composição da fera:

a) O leopardo representa o reino grego: rápido, veloz, conquistador e incansável. Essas qualidades serão próprias do anticristo;

b)Os pés do urso representam o império persa (Dan  7:5), transmitindo idéias de força, estabilidade e consolidação;

c)A boca do leão  representa a monarquia babilônica  (Dan 7:4), compreendendo ruína ameaçadora, rugidos de blasfêmia, despedaçamento carniceiro, perseguição e matanças.

O anticristo será então um resumo  desses poderes da antiguidade, atuantes no tempo de Daniel: o brilho dar Grécia, o pode da Pérsia, o domínio  e brutalidade de Babilônia.

"...E deu-lhe o dragão o seu poder..."   Durante o  os juízos das trombetas haverá uma invasão dos poderes demoníacos que trará agonia e terror à humanidade, piorando sua personalidade, com a prática da violência  e corrupção. A figura principal da manifestação de Satanás será o anticristo: um ser extremamente sábio com a mente voltada para a prática da maldade. Ele será a encarnação do próprio Satanas. Será até mesmo adorado por muitos.

"...o seu trono e grande autoridade..."  O diabo dará grande poder à besta (o antiristo) e ele será mundialmente conhecido. Por ser grandemente sábio se mostrará  como a solução para todos os problemas da humanidade.

13:3 – Então, vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou, seguindo a besta;

"...Vi uma de suas cabeças como golpeada de morte, mas essa ferida mortal foi curada..."  Existem algumas interpretações sobre a expressão acima: alguns crêem que a morte e ressurreição são simbólicas. Assim,  a cabeça foi ferida quando  o império romano foi destruído pelas nações do norte, com o extermínio do imperador Momyllus Augustulos. O ressurgimento ou ressurreição teria encontrado lugar em algum evento da  história passada como no caso de Carlos Magno e seus sucessores.  Outros vêem  a morte das heresias e o reavivamento das mesmas, em diferentes formas, em tempos posteriores. Já outros vêem a morte do papado devido à Reforma protestante e o seu reavivamento na contra-Reforma.  O comentarista Fusset afirma, por sua vez que "  A besta sarada de seu ferimento retornará não do mar e sim do abismo, pelo que trará consigo novas forças provenientes do inferno.... de acordo com seu ponto de vista,  pois um paganismo pior irromperá sobre o mundo cristianizado , mais diabólico do que o das primeiras cabeças da besta. Cria ele, entretanto, que um anticristo literal, ainda futuro será o resultado da ressurreição da besta".

Pensa o comentarista Champlin que está em vista o imperador Nero. Afirma ele que, na visão de João, o imperador Nero, o matricida que penalizou muitos cristãos, incluindo Pedro e Paulo, e que foi condenado pelo senado romano    em 68 D.C.  e se suicidou-se. Pode-se de dizer que uma nuvem de mistérios cerca o fim de Nero, sendo que alguns afirmam que ele realmente não estava morto, mas escondido, e que reapareceria para assumir seu poder. Os oráculos Sibilis 5:361-367/ 4:119-127.137,139, defendem que Nero morrera de fato, mas que seria restaurado à vida e, com um exército  retornaria para reassumir o império  romano. Assim, uma projeção dessa linha de pensamento passou a ser adotada pelos cristãos, mesmos os cristãos modernos que vêem o anticristo como o Nero redivivo,  encarnado na figura do anticristo.

Ainda outros  que o imperador Dominicano foi a reencarnação de Nero.

É fato, contudo que se o golpe mortal e a ressurreição de uma das cabeças da fera têm sentido profético ou histórico, isto só será esclarecido no futuro, para aqueles que participarem do período da Grande Tribulação

 "...E toda a terra se maravilhou, seguindo a besta...": Demonstrações de poder ganham a admiração do mundo. As pessoas podem ser persuadidas pela autoridade de líderes, governos, etc., ou podem simplesmente seguir por intimidação, por causa do medo do poder dos dominadores. O poder de realmente ressuscitar os mortos pertence a Deus, não ao diabo. Mas, ele pode enganar pessoas "com todo poder, e sinais, e prodígios de mentira" (2 Tessalonicenses 2:9-10).

13:4 – e adoraram o dragão porque deu a sua autoridade à besta; também adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem pode pelejar contra ela?

"... dragão...."  É satanás, o diabo.

"...adoraram..."  Será uma prática dos infiéis a adoração total ao Diabo. Fascinados pelas descobertas científicas extraordinárias.

 "...autoridade...."  O poder  expresso na besta (anticristo), como representante do Diabo fará com que seja visto como  cheio de autoridade.

"... besta...":  o anticristo , cfe. Apoc 11:7: 13:1-4.

"...Quem é semelhante à besta...": O salmista disse ao Senhor: "Ora, a tua justiça, ó Deus, se eleva até aos céus. Grandes coisas tem feito, ó Deus; quem é semelhante a ti?" (Salmo 71:19). São palavras de exaltação devidamente oferecidas a Deus. Mas as mesmas palavras, aplicadas à besta, são blasfêmia inegável.

O contraste nos conflitos no Apocalipse é claro. Na batalha no céu, o exército dos fiéis é liderado por Miguel, cujo nome quer dizer "Quem é semelhante a Deus?" (12:7). Mas os povos do mundo, tão impressionados com o poder imperial, negam o poder de Deus e perguntam: "Quem é semelhante à besta?".

13:5 – Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses;

"...Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias...":. A besta tem nomes de blasfêmia nas cabeças (13:1) e recebe a adoração dos povos (13:4). Aqui, ela tem condições de se exaltar e de falar blasfêmias.

"...E autoridade para agir quarenta e dois meses...":  O poder dela é tão grande que a terra toda vai atrás, dando-lhe honra. O mundo pode ser enganado, mas os leitores do Apocalipse sabem que o poder dela é limitado pelo mesmo Senhor que já venceu o dragão. Ela terá autoridade para agir por um tempo limitado (42 meses – veja 11:2).

A apostasia representa o ponto final  da adoração a Satanás. Nos últimos dias ela será direta e literal . Já existem seitas que adoram abertamente a satanás  (bíblia satânica). Há crescente interesse pelo  ocultismo e sua prática. As possessões demoníacas ocorrem com mujito mais incidência.

O anticristo será possuído pelo próprio Satanás  e isto confundirá as pessoas . Ele fará as ciênc ias naturais  e aos próprios cientistas seus escravos . Mas resta o consolo  do fato que  o anticristo exercerá uma autoridade limitada. Haverá limites para a sua carreira . Deus continuará entronizado  e apesar de toda agonia pelo qual o planeta passará   finalmente o bem prevalecerá.

13:6 – e abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu.

O versículo anterior mostra o anticristo  proferindo blasfêmias contra Deus, seus santos e todos aqueles que professam a fiel adoração. Os crentes da igreja primitiva, para quem o livro de Apocalipse foi escrito essencialmente, se negavam a blasfemar contra Deus, cultuando imperador. Aqui as agressões continuam., estendendo-se ao período da Grande Tribulação. As expressões contidas neste versículo podem ser comparadas ao trecho de Daniel 8:10-12 onde Antíoco IV profere blasfêmias contra as estruturas celestes (seres celestiais)

"....E abriu a boca em blasfêmias contra Deus...": A  besta  abre a boca para falar contra o próprio Senhor. O décimo primeiro rei de Daniel 7:24-25 faria isso.

"...Para lhe difamar o nome...": O nome representa a pessoa. O nome de Jesus salva no sentido que o próprio Jesus salva (Atos 4:12; 13:23). Difamar o nome de Deus é atacar o próprio Senhor.A palavra indica também ações como degradar, caluniar, como em

"...E difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu...": Difama, também, o povo de Deus. O tabernáculo aqui não é uma estrutura material (nem o tabernáculo, nem o templo). É o povo de Deus, os que habitam no céu. O alvo das blasfêmias de Antíoco IV Epifânio foi o tabernáculo de Jerusalém. O tabernáculo nos céus será o objeto das blasfêmias do anticristo.

13:7 – Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação;

"..Foi-lhe dado..." O Resvestimento de poderes satânicos bem acima das habilidades humanas.

"...que pelejasse contra os santos e os vencesse..." Autores  aceitam a idéia de que  o anticristo se refere às perseguições  levantadas contra os santos de Deus, que trará como resultado a morte de muitos mártires. Concordam autores que nessa fase da perseguição a igreja terá de viver escondida. Haverá sanções econômicas , morte  e proibição de comprar e vender , não trerão emprego e não poderão cuidas de si mesmos  e de suas famílias.

"...Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação...": Como sempre, a autoridade do diabo e dos seus servos é limitada pelo poder superior de Deus. A besta recebeu permissão para dominar os povos ímpios. Mas a autoridade da besta, como a do próprio dragão, é definida pelo Soberano Deus (Daniel 4:32).

13:8 – e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.

"....E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra..."  Historicamente isto indica o culto que foi prestado ao imperador. Neste versículo, está em vista a amplitude universal do poder do anticristo; Notemos que o final deste versículo é bem mais específico.

"...Aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida...": Como observamos acima, os habitantes da terra, aqueles que adorarão  o anticristo , são os ímpios. O contraste entre esta categoria e "os que habitam no céu" é evidente (ver Apoc 3:5; 17:8; 20:12)

"...Do Cordeiro que foi morto..."  Só pelo valor expiatório do sangue de Cristo alguém pode ter seu nome escrito no Livro da Vida  (João 1:29; Efésios 1:3-8)).

"... desde a fundação do mundo.." Cristo, dentro de um conceito mais amplo de infinitude, não teve início e fim, como o próprio Deus.  Ele é o libertador e não está preso às barreiras do tempo. O versículo possui um peso determinista,  e deve ser entendido com referência à expiação de Cristo foi algo determinado por Deus dentro da sua visão futurista. Isto é, ao perceber a queda futura do homem, projetou sua consequente salvação.

Fonte:  Lições no Apocalipse, de Dennis Allan

 

13:9 – Se alguém tem ouvidos, ouça.

Preste atenção. É importante! Esta frase aparece oito vezes no livro – em cada uma das cartas às sete igrejas e aqui. Sempre tem o propósito de chamar atenção à mensagem do Senhor, e incentivar os ouvintes a tomarem a decisão certa em resposta à palavra. O versículo que segue contém uma mensagem que oferece consolo para os santos, conforme a conduta deles. É importante prestar atenção. (Apoc 2:11,19; 3:13,22)

13:10 – Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada. Aqui está a perseverança e a fidelidade dos santos.

Afirma Moffat: . "Nada indica que os crentes estarão isentos da perseguição movida pelo anticristo. Porém é verdade também que aqueles que intentarem contra os santos de Deus serão punidos exemplarmente  (Apoc 14:12) .  Os que se negavam adorar o imperador eram punidos com prisão, cativeiro e  morte".

Para a  igreja perseguida sob o império romano,  era  lembrado que a exigência maior era a sua fé no Cristo vivo. Era exigências igualmente que tivessem paciência  que a justiça divina aofinal seria mostrada. Lembravam dessa forma aos seus inimigos que  todos quantos empunhassem a espada, à espada pereceriam. As forças de perseguição não devem ser enfrentadas empunhando-se as armas normais de revide para defesa. A força para resistência virá do alto, entregando suas almas  aos cuidados de Cristo

A Besta que emerge da Terra ( 13:11-18)

            Autores não são unânimes sobre se o anticristo será a besta saída do mar ou a besta saída da terra, ou mesmo se são o  mesmo personagem  referido em Tessalonicenses. Concordamos  contudo que a possibilidades maior é que haja identificação com à besta saída do mar, não só pelo seu poder maior. A besta saída do mar poderá estar associada a uma figura ou associação política. Já a besta sida da terra possui características mais ligadas  a uma figura religiosa.

13:11 – Vi ainda outra besta emergir da terra; possuía dois chifres, parecendo cordeiro, mas falava como dragão.

"...outra besta..."  isto é, além da besta saída  do mar (13:1) surge uma outra besta ou fera desta vez saída da terra.  Seja uma pessoa ou sistema político/religioso, a expressão fera aponta para uma natureza animal satanicamente inspirado.

"... emergir da terra..."  Que indicaria a expressão 'terra' ?  Alguns afirmam que poderia ser a Palestina; outros dizem que significaria 'de dentro da terra' Vimos que a primeira besta surge do mar, isto é, das nações. (Palestina?) ; será um judeu?  Alguns outros estudiosos acham a  terra seria a Ásia. De exato, não há nada que possa ser afirmar.

De qualquer forma, convém  lembrar, como afirma Dennis Allan  "... que o dragão estava na praia esperando os seus aliados (12:17). De um lado (o mar) apareceu a primeira besta. Do outro lado (a terra) aparece a segunda. Estas bestas não vêm de cima; não foram enviadas por Deus. Vêm dos homens, do mar (sociedade) e da terra (mundo dos homens). Especificamente, este poder se levanta daqueles que absorveram as mentiras da boca do dragão (12:16)".

"...Possuía dois chifres, parecendo cordeiro..." Esta besta não é nada igual, em aparência, à primeira. A besta do mar é assustadora, com sete cabeças, dez chifres e características de leão, urso, leopardo, etc. A besta da terra tem a aparência de inocência e mansidão; parece um cordeiro. Ora, o cordeiro, no Novo Testamento, é usado símbolo de Jesus Cristo. Neste versículo, ele se refere ao falso profeta, com dois sentidos distintos:  a)  Será uma imitação de Cristo, o Cordeiro de Deus; b)  Imitará a mansidão e humildade  do verdadeiro Cordeiro. Mas o seu objetivo é enganar.

"...Mas falava como dragão..." : Aparências enganam. Esta besta não é um cordeirinho inocente. As suas palavras vêm do próprio dragão, o sedutor dos homens. Apesar de sua aparência inofensiva, esta besta tem o mesmo alvo que o dragão tem. Ambos querem destruir os homens. Ele será seguido como  pensando ser ele o verdadeiro Cristo. . A promoção do seu culto será feito pelo falso profeta. Muitos o seguirão e por isso mesmo serão levados à ilusão da falsa adoração ao anticristo. Sua sutileza e forma de exprimir pensamentos será a mesma do dragão original do jardim do Éden.

13:12 – Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença. Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta, cuja ferida mortal fora curada.

"....Exerce toda a autoridade da primeira besta na sua presença...": A besta da terra pode ter aparência menos assustadora, mas ela tem o mesmo poder da besta do mar. Ela domina com a autoridade de reis. Tem poder, como veremos já, para tirar a vida daqueles que não a obedecem e não se submetem à autoridade da besta. Ela estará subordinada, entretanto à primeira besta.

"...Faz com que a terra e os seus habitantes adorem a primeira besta...": Dentro de uma interpretação histórica, a função da segunda besta é induzir os homens à adoração à autoridade imperial. Ela promove o culto imperial, obrigando as pessoas a adorarem  Roma e seus imperadores. Assim entendemos que a primeira besta representa o poder do governo e a força militar de Roma, e a segunda representa a sua autoridade religiosa de promover a idolatria oficial. Por isso, a besta da terra é conhecida, também, como o falso profeta (16:13; 19:20; 20:10). No final do primeiro e início do segundo século, a idolatria oficial de Roma cresceu por todos os lados. Vários templos e imagens foram construídos nas províncias, e representantes do governo conhecidos como a "concília romana" promoveram a adoração de Roma e dos seus imperadores. Quem recusava participar desta religião oficial seria punido, até sofrendo a pena de morte. Profeticamente, o anticristo será adorado mediante o suporte do falso profeta. E todos sob a dominação do dragão, Satanás, o diabo.

"...Cuja ferida mortal fora curada...":  Se aplica à interpretação que aceita a ressurreição de Nero, nos últimos dias (versículo 3 deste capítulo). Novamente, ele menciona a ferida mortal curada. . Intérpretes conseguem ver aqui uma paródia  zombeteira da descrição  do Cordeiro que foi morto mas ressuscitou. É bom lembrar que o anticristo procurará imitar  em tudo o verdadeiro Cristo.

13:13 – Também opera grandes sinais, de maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens.

Os sinais  são milagres que objetivam transmitir lições. Jesus realizou muitos desses, provando sua autoridade como Messias (João 20:30,31) bem como sua filiação divina.  Imitando a Cristo, o falso profeta realizará prodígios com esta intenção, isto é, provar  a autoridade do anticristo, levando os homens a crerem nele e o adorarem. É certo que tais prodígios incluirão coisas extraordinárias ligadas ao avanço da ciência e tecnologia, tudo visando enfraquecer a crença no criacionismo.

A referência a 'fogo do céu'  lembra o prodígio feito por Elias . O FALSO PROFETA IMITARÁ AOS PRÓPRIOS PROFETAS DE Deus do Antigo Testamento.

 

13:14 – Seduz os que habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta, àquela que, ferida à espada, sobreviveu;

"...Seduz..." Esta palavra, no grego, é "planao", que significa "enganar" , "desviar". Este engano  levará as pessoas a se afastarem do Cristo. Tal será a influência ao anticristo, que as pessoas se esquecerão do Senhor e mesmo se voltarão contra Ele.

 "...os que habitam sobre a terra..." Na visão imediata de João, estava o império romano. Em uma visão profética, podemos entender que nada estará livre da influência de Satanás. Os homens enfrentarão o poder diabólico que se mostrará com toda a sua força e maldade. O anticristo e seu falso profeta serão possuídos por Satanás. Isso significa que terão rejeitado estar face a face com o amor de Deus e seu Cristo. Mas muito permanecerão fiéis a Deus.

"... façam uma imagem à besta...": Os que habitam no céu (veja comentário em 13:6) jamais fariam uma imagem à besta. Imagens feitas para adoração foram proibidas na Antiga Aliança (Êxodo 20:3-5) e foram sempre tratadas como abominações diante de Deus (Deuteronômio 7:25). Observamos que tais imagens não foram somente proibidas aos israelitas. As imagens idólatras dos povos pagãos foram, igualmente, detestáveis para o Deus verdadeiro (Isaías 21:9; Jeremias 51:47,52; Ezequiel 30:13,19). Deus não aceitou a conduta dos israelitas que fizeram imagens como objetos de louvor no deserto ou depois de chegar à terra prometida, e claramente não aceitaria tal prática dos cristãos na Ásia. A tolerância de pessoas na igreja que apoiavam estas práticas foi motivo de fortes repreensões (2:14,20). É impossível "ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios" (1 Coríntios 10:21).

A besta da terra promoveria a idolatria oficial, incentivando as pessoas a fazerem uma imagem idólatra para a honra das autoridades romanas. Como já observamos, a idolatria imperial ficava cada vez mais forte, especialmente a partir das últimas décadas do primeiro século. As províncias, especialmente a Ásia, aceitavam algumas dessas práticas com mais facilidade do que a própria cidade de Roma, onde brigas ciumentas entre autoridades impediam, por algum tempo, as afirmações da divindade dos Césares vivos. Templos foram erigidos nas cidades da Ásia, inclusive em algumas citadas nas cartas nos capítulos 2 e 3. A pressão sobre os cristãos para se conformarem aumentava, especialmente nos reinados de Nero, Domiciano e alguns imperadores posteriores.

"...Àquela que, ferida à espada, sobreviveu...": Já passou uma onda de perseguição (veja 2:13), mas viria outra (2:10). Se algum discípulo respirasse mais livre, achando que a batalha já terminou, estaria despreparado para as perseguições vindouras. Estes comentários sobre a ferida curada mostram que a besta já havia perseguido os cristãos, mas que a opressão ainda não acabou. Veremos evidências mais fortes nos próximos capítulos, mas acredito que estas referências já estejam sugerindo uma data depois da perseguição feita por Nero, que imperou de 54 a 68.

Temos aí duas interpretações possíveis. A primeira, histórica,  vê no  imperador Domiciano (que reinou de  81 a 96)  a encarnação de Nero  . É como se ele revivesse para voltar a perseguir a Igreja . A segunda, profética, entende que nos últimos dias o paganismo satânico aparecerá, cativando completamente as mentes dos homens. Seja como for, está em vista a ação maligna do anticristo.

13:15 – e lhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta.

"...Elhe foi dado comunicar fôlego à imagem da besta...": A  segunda   besta  terá  muitos poderes , que impressionará a muitos . Mas a fonte desse poder é  Satanás. . A besta será alguém,de espantosa sabedoria e realizará milagres grandiosos. Poderá enganar até alguns que já estejam trilhando  o caminho da verdade.

"...Para que não só a imagem falasse...": A história romana mostra que os mágicos da época realizaram sinais impressionantes para conquistar o povo, e atribuíram aos imperadores poderes milagrosos, até o poder para ressuscitar os mortos.

"....Como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da besta....": Era  lei imperial o culto ao imperador. Aqueles que se recusassem  adorar aos ídolos ou estátuas dos imperadores romanos , como se fossem deuses, eram encarcerados, exilados ou mortos. Essa era a rotina da Igreja de Cristo nos três primeiros séculos. Comparativamente, o anticristo fará males  tão grandes que as coisas do passado serão como nada. Ele, o anticristo, promoverá a pior das perseguições religiosas.

13:16 – A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte,

"... todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos...": A autoridade da besta da terra é abrangente. Ela exerce poder sobre todas as classes, dos mais poderosos cidadãos até os pobres e os escravos. É a universalidade do poder do anticristo.

"...Faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte..."

 Nota:  O comentarista Deissmann em   sua obra Bible Studies, pag. 240  e SS. afirma que os papiros dos primeiros séculos nos fornecem evidências de que  os documentos comerciais oficiais tinham de ter o nome e a imagem do imperador estampados. Isto era chamado de charagma,  palavra que traduzida para o português é"  marca". Ainda na antiguidade, tal como ocorre ainda hoje, os animais eram marcados com o nome de seu proprietário. Essa prática também se aplicava aos escravos. Paulo usou a figura  em sentido espiritual, ao afirmar que ele trazia em si as marcas de Cristo ( Gal 6:17).

Os adoradores pagãos  de algumas divindades mostravam sua lealdade deixando-se marcar com símbolos ou nomes, tatuagens ou marcas feitas a fogo, que ali ficavam permanentemente.

Já os santos de Deus  mencionados em Apocalipse 7:3 e 9:4 são selados e identificados com a marca do Cordeiro em suas testas. Segundo alguns autores, talvez  essa prática esteja associada  ao uso no judaísmo dos tephillin ou filactérias, na mão esquerda ou na testa. Simbolizando piedade e dedicação à lei.

Com relação ao uso no culto ao imperador, é possível que as pessoas fossem marcadas a fogo de alguma forma.

Seja como for, Levítico 19:28 proibia Israel de fazer marcas e incisões na pele ou fazer tatuagens. Logo, os cristãos primitivos deveriam saber que portar tais marcas identificadoras era uma prática pecaminosa.

Possibilidades de identificação da marca:  Não há certeza quanto ao que seja essa marca nem exatamente o que João queria indicar. Vejamos: a) Para os observadores do sábado,  a adoração no domingo seria a marca; b) Seria uma espécie de confissão  exigida de todos; c)  Seria um símbolo para identificar adoração ao papa; d)  seria  um termo indicando que todos os  aderentes ao anticristo  serão identificados pela devoção voluntária e os que não fizerem assim  serão perseguidos;  e) seria uma marca literal e não simbólica, possivelmente  uma espécie de tatuagem invisível aos olhos (talvez um chip  eletrônico),  sem o que qualquer pessoa mostrará estar insubmissa ao culto ou sistema político imposto pelo anticristo, tornando-se alvo de perseguições , sanções econômicas ou execução capital.

13:17 – para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome.

"...Para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca...": Os que são selados por Deus (cf. Efésios 1:13) recebem as bênçãos dadas pelo Senhor. Os que foram selados pela besta recebem os benefícios oferecidos pelo governo, especificamente, privilégios econômicos. Podemos entender este problema com uma ilustração prática. Segundo as leis atuais do Brasil, o cidadão que não comprova a sua participação nas eleições perde certos privilégios, entre eles alguns direitos econômicos. É possível que o governo romano tenha exigido algum tipo de comprovante de participação nos sacrifícios aos idolos oficiais para os cidadãos manterem ou adquirirem determinados privilégios econômicos. (Dennis Allan)

"...O nome da besta...": Os selados de Deus recebem a marca do "nome de seu Pai" (14:1). Os servos da besta recebem uma marca do nome dela.

"...Ou o número do seu nome:..." O nome pode ser comunicado por meio de um número que representa a besta. Este número se encontra no próximo versículo.

13:18 – Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis.

"...Aqui está a sabedoria...." O conhecimento sobre o fórmula para cálculo do número levaria à identificação do anticristo.

"...pois é número de homem. E seu  número  é seiscentos e sessenta e seis.."  Isto é, um homem com poderes parecidos com os de Cristo. Em termos de números, o número  6 (seis) representa  a humanidade falha. O três e o sete representam Deus. Algum  indivíduo está em foco e este é o seu número.

Que representa então ele? Eis algumas idéias:

1 – João teria usado um enigma que até hoje é desconhecido, não sendo possível chegar à identificação  da besta.

2 – Seria um símbolo numérico também até hoje desconhecido;

3 – O próprio João não conhecia  o seu significado;

4 – O número se refere a uma pessoa específica e sua  identificação se dá através de cálculos numéricos que levariam a um nome. Esta é a idéia mais comum.. Há explicações prolongadas  sobre como se aplicaria os cálculos para se chegar ao nome da besta. Damos aqui um resumo.

a)O nome  desejado é Neron Caesar, sendo que o cálculo é feito com no valor das  letras gregas Neron Kaisar que, traduzidas para o hebraico daria o total de 666; Esta é a explicação mais aceita.

b)O teólogo sueco Petrelli chegou ao nome de Joseph Smith, fundador do mormonismo;

c)Alguns intérpretes mais modernos afirmam que o anticristo nasceu em 5 de fevereiro de 1962. Adicionando-se os números da data deste ano, temos 1 +9+6+2= 18, ou seja, 3 x 6  ou 666;

d) Utilizando-se a palavra Lateinos, ou seja, Império Romano,: teríamos:  t(300) + s(200)+ l+0(100) ,  n(50) ,e(5), a(1)  . Essa soma daria 666. A regra vale também para a expressão "o reino latino".

e)Teitan ou Titã, equivalente  grego do termo hebraico  "Tiamat", ou seja "Caos Primitivo", se chegaria a lateinos . Então Tito, o general romano  que destruiu Jerusalém em 70 DC seria a besta;

f)Outros nomes cujos nomes somaria 666 são: Adonicão,  Diocleciano, Lutero, Calvino,  vários nomes de papas, os jesuítas, Napoleão, Balaão , etc.

 

Bibliografia:

A Bíblia Sagrada. O Novo Testamento Interpretado, de Russel Champlin. Lições no Apocalipse, de Dennis Allan. O Apocalipse, de Delcyr de Souza Lima.Outras fontes informais de autorias não identificadas 



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