segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estudos no Apocalipse - Estudo 7- Cartas às Igrejas

Estudo no livro de Apocalipse -  Adélio Silva
 
Estudo 7 - Apocalipse cap 2 e 3 -  Cartas às sete igrejas (Coisas que são)
 
Carta a Pérgamo  (2:12-17)

Introdução

O exemplo santo de Esmirna contrasta-se com o caráter da Igreja em Pérgamo, que representa a Igreja sob o favor imperial( 210 d. C em diante), quando o paganismo penetrou descaradamente na Igreja, começando a adaptar-se ao mundo. Este período representa o tempo que começou com a aparente "conversão" de Constantino ao cristianismo. Sua aparente conversão em 311 D. C.  o levou a ser tolerante com os cristãos. O Edito de Tolerância expedido em 313 D. C pôs fim à perseguição dos romanos . Sua aparente conversão  lhe permitiu trazer consigo seus defeitos: participou do culto a Apolo ; ordenou a execução de seu filho, Crispo e da sua própria esposa em 326 D.C sob a acusação de traição. Sempre esteve envolvido em alguma forma de guerra . Adiou seu batismo até a morte , pois pensava que o batismo lavaria seus pecados. A carta a Pérgamo reflete pois a natureza pecaminosa da igreja acomodada ao amparo do Estado.

Profeticamente, Pérgamo expressa a paganização da Igreja. Historicamente isto aconteceu em algumas igrejas da Ásia Menor já a partir de fins do primeiro século da era cristã e indo até o final do terceiro século. A presença do gnosticismo, que existiu na igreja durante seus primeiros 150 anos é combatida na carta a Pérgamo, onde a imoralidade, a carnalidade e a sensualidade tornaram-se comuns.

Comenta Dennis Allan que "com a ajuda dos romanos, Pérgamo ganhou independência dos selêucidas em 190 a.C., e passou a fazer parte do império romano a partir de 133 a.C. Durante mais de 200 anos, foi a capital da província romana da Ásia. Teve a maior biblioteca fora de Alexandria, Egito. Foi o povo de Pérgamo que primeiro usou peles de animais para fazer pergaminho, que substituiu o papiro, usado para fazer livros".

A palavra estava relacionada a "purgos", isto é, "torre" ou "castelo". Era ela a fortaleza de Tróia Tinha boa importância comercial e política além de religiosa. Alí existia uma antiga forma de adoração ao Diabo. Também era centro de práticas mágicas  babilônicas. Havia o culto ao imperador. Cultuava-se também a Zeus,  Atena, Dionísio e Asclépio e o culto dos magos. O culto ao imperador criou ali um trono de Satanás. A Igreja cristã que se recusava a participar desse culto era chamada de traidora, sofrendo duras conseqüências.

Hoje nada resta dessa cidade. Existe uma pequena aldeia de nome Bergama, um pouco abaixo da antiga cidade.

2:13 – Sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome, e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.

"...Conheço o lugar em que habitas..." Pérgamo era lugar de maldade e provação, o que poderia influenciar na vida daqueles crentes. O meio ambiente influencia a vida do crente, sendo mais fácil ser crente em uma localidades do que em outras. As associações humanas exigem menor ou maior grau de moralidade, mas o evangelho impõe  fidelidade sob quaisquer circunstâncias.

"...o trono de Satanás..." O lugar onde Satanás exerce autoridade como se rei fosse. " Trono significa "lugar do rei",  "tribunal judicial" , elevados poderes angelicais ou governantes humanos ( Luc 1:32,52; Mat 19:28; Luc 22:30; Col 1:16).

Aquela pequena congregação era como uma barca lançada em mar tempestuoso, uma rosa isolada a florir em meio às areias do deserto. Jesus considerou todas essa dificuldades.

"...e que conservas o meu nome..."   As forças pagãs não puderam impedir uma parte da Igreja de se apegar à fé verdadeira em Cristo. Contudo, existiam pontos a serem corrigidos como a tolerância a um evangelho sem compromisso moral, e isto entre os líderes da igreja.

"...nome..." O nome retém um significado. Cristo, o nome que está acima de todo o nome é o Senhor e Salvador, autoridade absoluta da Igreja. Não tinham substituindo Cristo pelo imperador romano.

"...conservas..."  a palavra grega "krateo" indica apegar-se e de manter-se apegado àquilo que Cristo era, embora faltasse o complemento moral, que era também imperativo.

"...não negaste a minha fé..." A fidelidade a Cristo os levou a defenderem a fé cristã, longe de cederem às demandas do culto ao imperador Domiciano. Interpretando profeticamente, significa que resistiram aos mestres gnósticos, embora não com tanto afinco. Historicamente, sua lealdade era conservada apesar das duras perseguições.

"...ainda nos dias de Antipas..." Não háaa informações sobre quem seria ao certo este Antipas; Possivelmente era um dos líderes ou pastor da Igreja de Pérgamo, tendo sido escolhido para martírio como advertência aos demais membros.

"...minha testemunha..." do grego "martus", significando testemunho. Mais tarde, identificou-se com mártir. Antipas foi uma testemunha que se transformou em mártir (Apoc 17:6). O sangue de muitos mártires foi derramado.Jesus é a fiel testemunha ( Apoc 1:7).

"...meu fiel..." Ainda se refere a Antipas, a testemunha fiel (leal) a Cristo, não negando a fé.

"...foi morto entre vós, onde Satanás habita..."  Antipas foi vítima de certa forma de satanismo que prevalecia em Pérgamo. Satanás influencia nas vidas e nas decisões de muitas pessoas que se deixam por ele dominar.

2:14-15 – Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
15 Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.

A doutrina de Balaão: A descrição da doutrina de Balaão refere-se à história do Velho Testamento (Números 22-25; 31:16). No final dos 40 anos de peregrinação, os israelitas chegaram perto da terra prometida. Acamparam-se nas campinas de Moabe, e os moabitas e midianitas ficaram amedrontados. Balaque chamou Balaão para amaldiçoar o povo, mas Deus frustrou todas as suas tentativas de falar contra os israelitas. Balaão desistiu de suas maldições, mas procurou outra maneira de vencer o povo de Israel, dando o conselho de convidá-los a participarem de uma festa idólatra. Nesta festa, muitos israelitas se envolveram na idolatria e na imoralidade, e Deus mandou uma praga que matou 24.000 israelitas.

Na igreja em Pérgamo, algumas pessoas agiam como Balaão. Incentivavam o povo a ser tolerante de outras religiões, até participando da idolatria e da prostituição. A sua doutrina foi basicamente igual às idéias atuais de pluralismo (aceitação de diversas religiões como igualmente boas) e sincretismo (junção de duas ou mais religiões).

A idolatria sempre esteve vinculada à prostituição. Havia prostitutas sagradas que serviam às divindades pagãs e se ofereciam por dinheiro. A adoração pagã aos deuses demoníacos ocorria em meio às orgias sexuais desenfreadas.Essas atitudes são condenadas por Paulo em I Cor 5:13. Se um cristão participasse dessas práticas indicava que estava renunciado ao cristianismo.

O caminho de Balaão pode ser entendido também como a pregação feita em troca de dinheiro ou vantagem, como se o evangelho fosse um meio de vida.

Afirma Adam Clark que os seguidores de Balaão, os nicolaítas e os gnósticos, provavelmente eram todos da mesma categoria de pessoas.

Os nicolaítas (ver comentários em 2:6) era uma seita gnóstica que faziam da imoralidade parte integrante da ética cristã, ao afirmarem que o corpo é uma questão indiferente, podendo os homens abusar do mesmo, a fim de ajudar ao sistema na sua tentativa de destruir a matéria, como se isso não prejudicasse à alma. Em Éfeso essa praga esteve presente ( II Tim 3:6), onde certos líderes da igreja durante  suas visitas seduziram mulheres tolas e lassas da igreja para praticarem atos imorais. Elas viviam carregadas de pecado . Elas eram mulheres pagãs que  fingiam ser crentes. Era o evangelho destituído  de exigência moral. O Novo Testamento ensina que não pode haver  salvação sem santificação  ( II Tex 2:13 e Rom 6:22)

2:16– Portanto, arrepende-te; e, se não, venho a ti sem demora e contra eles pelejarei com a espada da minha boca.

"...arrepende-te..." É uma chamada presente no livro de Apocalipse ( 2:5,16,21; 3:3,19). O arrependimento consiste na mudança da alma, isto é, conversão pelo poder transformador do Espírito Santo. O Arrependimento junto com a fé  compõem a conversão (Atos 20:21). A conversão é a operação do Espírito Santo sobre a alma, levando-a a abandonar o pecado, dando início à sua transformação moral e metafísica (espiritual). O Filho de Deus vai sendo gradualmente reproduzido no crente. Iniciando-se com o arrependimento, vai-se gradualmente se enchendo de toda a plenitude de Deus (João 5:25,26 e 6:7) e seus atributos. Porém, somente Deus é absolutamente perfeito, a busca pela perfeição, no crente, é eterna.

"...se não, venho a ti sem demora..."  Talvez refira-se à parousia de Cristo ou segundo advento, pois isto trará juízo conta crentes e incrédulos . Pode-se entender também que Jesus ameaçou com uma intervenção histórica na vida daquela igreja.

"...contra eles.."  Os nicolaítas, seguidores de Balaão e gnósticos.

"...pelejarei com a espada da minha boca..."  Já comentado em 1:16 e 2:12. O juízo de Jesus.

Tal julgamento pode vir sobre o povo de Deus  de várias maneiras: enfermidade física, ocorrências naturais destrutivas ( I Cor 5:4,5 e 11:30_. Também o estado romano poderia ser usado par purificar a igreja; poderia haver um juízo direto  trazido pelo Esp´rito Santo, morte ou infortúnio.

A igreja é advertida a não mostrar-se tolerante quanto às questões morais, não tolerando aqueles que promovem imoralidades na igreja, franca ou secretamente.

2:17– Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.

"...Quem tem ouvidos, ouça....": Tal expressão está contida em todas as sete cartas. É uma solene ordem para que se dê ouvidos ao que se dizia, para que os homens ajam segundo lhes é ordenado.

"...Ao vencedor...": Todas as cartas, também, incluem a promessa sobre a vitória. Aqueles que persistem até o final receberão a recompensa. Nesta carta, a bênção para o vencedor é descrita em duas partes:

"...O maná escondido...":Os israelitas libertados do Egito se alimentaram de maná. Para os crentes, ser libertado dos vícios  dos gnósticos  e participar da vida  que há em Cristo, significava o sustento da alma. Jesus é o pão vivo (João 6:48).

Uma pedrinha branca com um nome novo escrito:Sobre isto comenta Dennis Allan: " Um nome novo, freqüentemente, sugeria uma nova direção na vida, especialmente de uma pessoa abençoada por Deus (exemplos: Abrão > Abraão; Sarai > Sara; Jacó > Israel). Em Isaías 62:2-4, Desamparada e Desolada recebem nomes novos: Minha-Delícia e Desposada, mostrando a bênção de estar com Deus. Veja, também, 3:12. A pedrinha branca pode incluir vários significados, conforme os costumes da época. Pedras brancas foram usadas para indicar a inocência de pessoas acusadas de crimes; Jesus inocenta os seus seguidores fiéis. Pedras brancas foram dadas a escravos libertados para mostrar sua cidadania; os fiéis não são mais escravos do pecado, pois se tornaram cidadãos da pátria celestial (Filipenses 3:20). Elas foram usadas pelos romanos como um tipo de ingresso para alguns eventos; Jesus permite os fiéis a entrarem na presença dele para o seu banquete (veja 19:6-9). Também foram dadas aos vencedores de corridas e aos vitoriosos em batalha. Os fiéis são vencedores que receberão o prêmio (2 Timóteo 4:7-8)".



 

Fontes de Pesquisas:

Bíblia Sagrada. Novo Testamento Interpretado ( Champlin, Russel N.) Um estudo do Apocalipse (Dennis Allan);  Manual Bíblico -  Halley

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